quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Sócrates-Louçã: Artilharia pesada. Mais uma vitória de Louçã

Sócrates-Louçã: Artilharia pesada

Inconciliáveis, pelo menos por agora, José Sócrates e Francisco Louçã morderam o osso e não mais o largaram durante o aceso debate desta terça-feira: o bloquista atirou-se aos 'negócios' da Galp e de Jorge Coelho; o primeiro-ministro condenou a política fiscal proposta pelo BE
Terá sido o duelo mais quente até agora. José Sócrates e Francisco Louçã trocaram as regras do debate pelo confronto directo entre as políticas da governação socialista e as propostas eleitorais do Bloco de Esquerda.
E o combate fez-se em duas frentes. Francisco Louçã também recorreu ao «sei o que fizeste no Verão passado» para recordar que o Governo «entregou à Mota-Engil» de Jorge Coelho, «sem concurso», a concessão do terminal de contentores de Alcântara (Lisboa) até 2042, «quando Sócrates tiver 85 anos»

E que a mesma empresa agora dirigida pelo antigo ministro socialista conseguiu a concessão da Auto-Estrada do Centro «por ajuste directo», apresentando posteriormente um custo 500 milhões de euros superior ao inicialmente estabelecido.
«Não é verdade, está equivocado», respondeu o primeiro-ministro. Sócrates negou a existência de ajuste directo na concessão daquele troço, declarando até que a Estradas de Portugal deverá emitir «em breve» um parecer contra a opção.
Louçã reafirmou a denúncia, e recuperou outra acusação, responsabilizando pessoalmente José Sócrates por outra «entrega»: a da Galp, ao Presidente angolano José Eduardo dos Santos e a Américo Amorim, por um preço cinco vezes menor do que a empresa hoje vale.
Na outra frente, José Sócrates acusou o Bloco de Esquerda de ser «contra a classe média» ao propor «o fim das deduções» com os PPR, a Saúde e a Educação. «São mil milhões de euros, não é nenhum Américo Amorim!», afirmou.
Louçã também desmentiu a acusação, explicando que defende «o fim das propinas e das taxas moderadoras», e que não se deduz o que seria gratuito. Quanto aos PPR, o líder do Bloco assume-se contra estes mecanismos de poupança, entendendo-os como financiadores de fundos privados. Mas Sócrates insistiu no ataque.
O resto do debate
Frentes fora, Louçã e Sócrates fizeram a defesa das suas propostas, não trazendo surpresas depois de quase uma semana de debates.
O líder do Bloco quer nacionalizar a Galp, taxar as grandes fortunas e pôr a Caixa Geral de Depósitos a conceder mais crédito, em vez de se meter em «negócios de sapateiros como o do Manuel Fino».
O primeiro-ministro socialista aposta num discurso de «modernização» e investimento público, e diz que «a escolha é entre o PS e o PSD, sem menosprezo dos outros partidos».
Os dois não se entendem, para já, quanto a possíveis alianças. Sócrates diz que Louçã se afastou quando «passou a achar que um discurso mais agressivo e radical podia torná-lo mais popular», lamentando que o Bloco «tenha eleito o PS como inimigo».
E Louçã diz que Sócrates tem um problema de «coerência», recordando a inauguração do Hospital de Seia, cujas camas foram «devolvidas ao fornecedor dois dias depois» da festa. 
Por fim, o ataque dos dois dirigentes a Manuela Ferreira Leite, em visita à Madeira de Jardim.
O mais duro, de Sócrates: «As imagens de Ferreira Leite na Madeira são patéticas e são lamentáveis, ao lado de Alberto João Jardim a insultar jornalistas, a dizer que a Madeira é um modelo de democracia».
SOL

Sem comentários:

Enviar um comentário