segunda-feira, 21 de setembro de 2009

VOTAR PARA MUDAR


OPINIÃO (II)

 

VOTAR PARA MUDAR

A campanha eleitoral para as eleições legislativas de 2009 aí está. Começa a sentir-se, em muita gente, uma significativa saturação de campanhas e pré-campanhas que se vão prolongar quase desde o princípio do ano até meio de Outubro, quando tiverem lugar as autárquicas. Vai ser um ano inteiro em que todas as atitudes dos partidos concorrentes e seus dirigentes estão viradas para a captação do voto popular.

Não poucas vezes a falta de honestidade de alguns dos principais agentes partidários vem ao de cima, prometendo tudo e o seu contrário na ânsia de agradar a toda a gente. Quem está atento sabe, facilmente, distinguir o trigo do joio, mas muito eleitorado acaba por ser levado pelos cantos de sereia e, quando dá por isso, sente-se enganado e arrependido, todavia já não pode voltar atrás. Depois, vem toda a sorte das habituais acusações aos “políticos”: mentirosos, incompetentes, corruptos, “baldas”,etc. São todos metidos no mesmo saco. De facto, há muitos a quem aqueles epítetos assentam como uma luva mas também é verdade que, se estivermos atentos, ainda encontramos na “política” gente séria que está nela por gosto, ao serviço da causa pública. Infelizmente, são cada vez menos e não nos podemos dar ao luxo de os desprezarmos, permitindo, por acção ou omissão, que os destinos do país sejam entregues a indivíduos ou grupos em quem não confiaríamos, sequer, para comprarmos um carro de linhas.

O caso do actual governo congrega o que de pior tivemos no Portugal democrático: incompetência, prepotência, arrogância, nepotismo, sistemática falta à verdade factual e um rol de situações nebulosas, até ao mais alto nível, muito mal explicadas que nos deixa uma sensação de vazio e insegurança que pode ter consequências funestas para o nosso devir colectivo. Parece que estamos em fim de regime, quando já ninguém acredita no que o governo promete e diz que fez mas nos sentimos colectivamente tolhidos para alterar a situação. Basta ouvir o comum dos cidadãos para nos apercebermos do desânimo que por aí grassa.

O regime de democracia representativa em que vivemos apenas permite que, de quatro em quatro anos, os cidadãos eleitores sejam ouvidos, funcionando o voto como uma espécie de cheque em branco que cada um emite, em que é ratificada a concordância com as propostas políticas de um determinado partido, tomando-as como credíveis. O pior é que, sob os mais diversos pretextos, acontece, muitas vezes, que, logo no dia seguinte às eleições, essas propostas são esquecidas. O que se passou com o Governo Sócrates é um triste exemplo desta situação em que, para lá de promessas não cumpridas, foram levadas a cabo autênticas guerras contra determinados grupos profissionais, contra os utentes do Serviço Nacional de Saúde ou contra os direitos dos trabalhadores. O agravamento do Código do Trabalho de Bagão Félix, tão criticado pelo PS (leia-se “Partido de Sócrates), foi alterado… para pior. Tudo apoiado por uma eficiente máquina de propaganda, nunca vista no Portugal de Abril.

Mas não nos iludamos com a alternativa de direita que se perfila no horizonte. Já por lá passaram e deixaram mais de 400000 desempregados. Seria mais do mesmo, até porque eles próprios sentem muita dificuldade em mostrar que são diferentes deste PS. A sua coerência ficou bem demonstrada na recente visita da presidente do PSD à Madeira onde elogiou o regabofe financeiro em que navega o regime jardinista e a asfixia democrática que por lá se vive.

Em democracia há sempre alternativa. Se a direita clássica e a envergonhada não conseguem resolver os principais problemas do país, estando mais empenhados na defesa dos interesses das suas clientelas, há que dar o aval a uma esquerda moderna, com novas propostas para ultrapassar os nossos atávicos impasses, com respeito pela democracia e pelos direitos dos adversários. Vamos, pois, todos votar mas para que haja uma mudança que se sinta.

 

(*) Luís Moleiro Professor aposentado, aderente do BE

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