O PDS é um partido sem ideologia definida que acompanha o pensamento dominante em cada momento histórico. Foi sempre assim desde o seu nascimento. Nessa altura podíamos descortinar, ainda, alguns laivos de social-democracia que, com o andar do tempo se esfumaram rapidamente. Hoje em dia, a orientação dominante no PSD é o neoliberalismo mais radical mas, à maioria dos militantes e simpatizantes deste partido, o que mais interessa é a proximidade do poder para arranjarem as suas vidinhas. Para o povo – uma parte do qual os colocou no poder – ficam umas migalhas, enquanto vai sendo entretido com a ideia de que a miséria para onde se caminha não tem alternativa. Mas parece que esse povo, que começa a ficar farto de ser enganado por gente que não presta, já deu um murro na mesa e, quem sabe, a qualquer momento, pode virá-la de pernas para o ar…
No “Expresso” desta semana, Daniel Oliveira faz uma certeira caracterização dos tipos de pessoas que rodeiam Passos Coelho e que com as suas linhas de acção vão arrastando o país para o abismo:
À volta de Passos Coelho há três tipos de homens que revelam a natureza deste Governo: os Relvas, os Gaspares e os Borges. Os primeiros, também Sócrates os tinha em fartura: espertalhões para quem a política é apenas um meio para ganhar algum. Os segundos pensam através de modelos teóricos e apenas aspiram à harmonia formal das suas teses. Depois do cinismo, que leva Gaspar a festejar o equilíbrio da balança comercial conseguido através da destruição do mercado interno; e do descaramento, que o leva, sem se rir, a defender que há mais igualdade fiscal com uma redução de escalões do IRS e um brutal aumento de imposto sobre o trabalho; sobra-lhe apenas o espanto por a realidade teimar em não reagir positivamente à aplicação das suas fantasiosas equações. É como se a economia, veja-se bem o descaramento, tivesse vida para lados seus gráficos. Os terceiros, pertencem a uma nova elite com a qual as democracias, ainda baseadas no estado-nação, não sabem lidar. É gente sem raízes. Nem culturais, nem políticas, nem éticas. São uma elite financeira sem pertença a uma pátria ou uma classe, sem qualquer sentido de utilidade produtiva que caracterizava os velhos capitalistas industriais, sem outra ética que não seja a do imperativo do lucro rápido e predador.
São estes três tipos de “políticos” que rodeiam um rapaz sem arcaboiço para governar. E que transformam este Governo, não apenas no pior que a nossa democracia conheceu, mas no primeiro indiscutivelmente antipatriótico.
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