sábado, 6 de outubro de 2012

PERGUNTAS PARA VITOR GASPAR

Esta semana ouvimos pela boca de Nicolau Santos (NS), director-adjunto do “Expresso” que, em muitos casos, há comunicações do ministro das Finanças para as quais apenas são convidados jornalistas cujas ideias estão próximas das do actual Governo. Não sendo conhecido qualquer desmentido ou reacção a esta afirmação e, tendo em atenção a credibilidade de quem a pronunciou, podemos dá-la como verdadeira.

Por outro lado, ainda segundo NS, cada vez são permitidas, por Vítor Gaspar, menos perguntas durante as conferências de imprensa. Presume-se porquê… Assim, aquele jornalista aproveita a coluna que assina no suplemento Economia do Expresso para formular publicamente algumas questões que não consegue colocar cara a cara ao ministro:

1) V. Exa. considera que as pessoas superiormente inteligentes e bem preparadas tecnicamente como o senhor podem tomar decisões completamente estúpidas e irracionais.

2) Se a resposta for negativa, como será seguramente o caso, V. Exa. considera que é possível corrigir em três anos os desequilíbrios acumulados pela economia portuguesa em década e meia?

3) Se a resposta for negativa, como o bom senso parece indicar, que país é que o modelo económico espera V. Exa. deixar no final da legislatura? Um país destruído na sua coesão social, com uma classe média totalmente depauperada, um desemprego esmagador, jovens sem esperança e velhos sem amparo? E o modelo económico assentará em baixíssimos salários e mão de obra qualificada, que trabalhará por uma côdea de pão (ou seja, por salários de €500)?

4) Considera V. Exa. que o regresso da República Portuguesa aos mercados internacionais deve ser conseguida a qualquer custo e constituir o ómega e o alfa da política económica, independentemente dos seus custos económicos e sociais?

5) V. Exa. acredita que é possível sustentar o crescimento do país em 18 mil empresas exportadoras? E o que espera que aconteça às outras 300 mil que existem e trabalham para o mercado interno?

6) V. Exa. anunciou que a economia começaria a recuperar no segundo semestre deste ano e que em 2013 já teríamos um crescimento de 0,3%. Agora diz-nos que a recuperação será no segundo semestre de 2013 e que em 2014 já teremos um crescimento de 1,2%. V. Exa. falhou? E porque é que deveremos acreditar agora nesta sua nova previsão?

7) Quais considera V. Exa. que são os efeitos para uma economia de uma quebra acumulada de investimento de 29,6% entre 2011 e 2013?

8) Quais considera V. Exa. que são os efeitos económicos e sociais para uma economia de mais de 1 milhão de desempregados?

9) V. Exa. anunciou um enorme aumento de impostos, com a redução dos escalões de oito para cinco. No último escalão vão estar famílias com rendimentos acima de €80 mil contra os atuais €153300. V. Exa. considera ricos os que ganham mais de 80 mil euros por ano?

10) Em três anos, V. Exa. vai tirar às famílias portuguesas mais de €10 mil milhões por via fiscal. Teremos de trabalhar entre seis a oito meses por ano para o Estado antes de começarmos a ganhar para nós. V. Exa. sente-se confortável ideologicamente com isto?

11) V. Exa. tem consciência de que ao aplicar uma sobretaxa de 4% sobre os rendimentos de 2013 logo a partir de janeiro (e não apenas no final do ano) causa dificuldades dramáticas a milhares de famílias? Sabe que a carga fiscal aumenta em mais de 34% para a generalidade dos contribuintes?

12) V. Exa. anuncia cortes substanciais para 2014 nas prestações sociais, educação e segurança. Vai continuar a cortar nas prestações sociais? E na segurança? Não pensa que o banditismo e a violência vão aumentar?

13) V. Exa. já descobriu que a realidade não cabe numa folha de Excel?

Muito obrigado pelo seu silêncio.

Mais uma vez deixamos aqui a posição de alguém que não é considerado, nem de perto nem de longe, próximo de qualquer força política “radical”, para que não restem dúvidas de que não é preciso sermos “extremistas” para sermos oposição a este Governo.

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