O chorrilho de trapalhadas com que este Governo nos tem brindado não tem paralelo na nossa história recente e constitui um inesgotável filão para o anedotário nacional. O pior é que não se trata apenas de incompetência porque os mais prejudicados são sempre os mesmos. Há qualquer coisa para além da inabilidade já que acontece um pouco como nos jogos de futebol em que os erros do árbitro beneficiam sempre a mesma equipa.
De qualquer maneira, o que se passou esta semana relativo à “questão grega”, vai muito para além da inabilidade natural ou tendenciosa, numa situação em que não se encontra nenhum beneficiado interno mas em que houve um prejudicado indiscutível: o País no seu todo. Foi “penoso”, para usarmos um termo de Nicolau Santos no Expresso Economia de hoje, no texto que transcrevemos a seguir, ver o Primeiro-Ministro e o ministro das Finanças, num espaço de dois dias, dizerem uma coisa e o seu contrário (exactamente!), pretendendo tomar por parvos todos os portugueses, numa manobra inqualificável que, só poderia culminar na apresentação da demissão dos dois principais protagonistas, caso ainda existisse um assomo de dignidade nos nossos actuais governantes.
Para cúmulo, temos um Presidente da República que, das duas uma: está calado ou se fala, o que diz não tem consequências. Mas leia-se o texto de Nicolau Santos.
E AGORA, SR. PRESIDENTE?
A questão grega está definitivamente a inquinar o ambiente político e económico europeu e o que se passa nos dois países sob assistência internacional. O primeiro-ministro e o ministro das Finanças admitiram publicamente que Portugal deveria beneficiar das novas regras concedidas a Atenas, no quadro de uma nova renegociação da ajuda concedida aos helénicos. O presidente do eurogrupo disse o mesmo. Dois dias depois, após afirmações do ministro francês e alemão das Finanças, aconselhando a Irlanda e Portugal a não pedir o mesmo que foi concedido à Grécia, todos mudaram de posição, com argumentos patéticos (perguntas mal percebidas, assuntos muito complexos, etc., etc.). Agora vem o Presidente da República dizer, preto no branco, que devemos pagar menos comissões e ter mais tempo para pagar o que pedimos emprestado. É o contrário da estratégia seguida pelo Governo e do que está contido no Orçamento de Estado 2013. Há, pois, uma clara clivagem entre Belém e São Bento quanto aos caminhos a seguir para combater a crise. E como o Governo não vai mudar, a pergunta que se coloca é: e agora, sr. Presidente? Falou apenas ou pensa agir?
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