Já aqui referimos que, defender a compatibilidade de medidas de austeridade com desenvolvimento económico e criação de emprego não faz qualquer sentido porque a primeira exclui as outras duas. Podemos ouvir frequentemente os porta-vozes da ideologia neoliberal referir a tomada de decisões no actual quadro de austeridade recessiva que levem à criação de postos de trabalho mas a realidade é bem outra e está muito longe da mera propaganda.
A mesma incompatibilidade se verifica quando se defendem situações de produção competitiva ao nível terceiro-mundista por um lado, e preocupações ecológicas do mundo desenvolvido por outro. É sabido que a ideologia dominante foge das medidas de desenvolvimento sustentável, como o diabo da cruz e só as adopta mediante grandes pressões, em especial, da opinião pública. A sustentabilidade ambiental e social estão interligadas e contêm uma forte componente ideológica, sendo um grave erro pensar que formam sectores distintos a ter em conta. “Está tudo ligado” como afirma Daniel Oliveira no seguinte texto que transcrevemos do Expresso de ontem (15/12/2012).
ESTÁ TUDO LIGADO
O ministro Santos Pereira defendeu que a legislação ambiental “fundamentalista” da Europa é um dos maiores entraves à sua industrialização. Para evitar as deslocalizações, “a Europa tem de deixar de ser naïve e mais papista do que o Papa”. Poderia dizer-se que a posição de Santos Pereira é coerente com a matriz ideológica deste Governo. Defender a sustentabilidade ambiental é acreditar que os recursos são finitos e que o mercado à solta não chega para regular a sua exploração. Mas não acho que, neste caso, haja tanta elaboração na cabeça de Álvaro.
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