segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

TUDO SEM REGRAS


A primeira eleição de Obama criou em muita gente a ilusão de que o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos (EUA) iria dar uma safanada no sistema terrorista que actualmente toma conta do mundo como muito bem entende. Até se colocava Obama à esquerda no espectro ideológico. Como não podia deixar de ser, bem depressa essas ilusões se esfumaram já que, para além de outras razões, é fácil parecer de esquerda alguém que se segue a um governante como Bush. Nada de especial se alterou, se bem que seja melhor ter na Casa Branca Obama do que uma segunda versão de Bush como chegou a estar no horizonte. De resto, mesmo depois do que aconteceu em 2008, por culpa do sector financeiro, tudo já voltou ao “normal” que o mesmo é dizer “tudo sem regras”, imperando apenas a vontade e os interesses da alta finança. Algumas medidas reguladoras, que Obama deveria impor, irão certamente ficar na gaveta até porque o presidente eleito recebeu apoios financeiros para a sua campanha que não poderá esquecer…

Como afirmava ontem num jornal diário um jornalista (*) que visitou recentemente os EUA, a banca e Wall Street, de um modo geral, continuam a comportar-se como se o país e o mundo não estivessem mergulhados numa crise profunda, provocada pela ganancia especulativa. E gozam de privilégios inconcebíveis, como as abusivas cobranças de taxas, por todos os serviços que dizem prestar ao consumidor. Imagine-se que por uma mera variação do saldo de uma conta o banco pode cobrar três dólares, sem que ao consumidor reste qualquer possibilidade de apelo. O cidadão comum é obrigado a ter conta no banco e depois obrigado a pagar as taxas que o livre arbítrio do sistema consente.

Pior, naturalmente, são os produtos financeiros inventados pelo marketing bancário, remunerados a taxas altíssimas, especulativas, que terão de ser cobertas pelos juros cobrados às famílias e à economia produtiva, pelo seu financiamento. Tudo sem regras, obedecendo apenas à vontade da banca.

É assim que funciona e vai continuar a funcionar o país das oportunidades e a pátria da democracia e dos direitos humanos…

(*) Sérgio Borges, Diário de Coimbra

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