sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

RENEGOCIAR A DÍVIDA? CERTAMENTE QUE SIM! (2)


Na auscultação que a Visão desta semana fez à opinião de “cinco directores das mais prestigiadas faculdades de Economia e Finanças do País” sobre, se Portugal deve ou não renegociar a dívida, foi também ouvido José Reis, Director da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, defensor de sempre da renegociação da dívida. A sua declaração foi do seguinte teor:


A renegociação da dívida parece-me ser uma necessidade urgente. A razão está na situação geral de asfixia da economia: a recessão acentua-se, a capacidade de geração de riqueza e de emprego por parte das empresas está fortemente abalada, a procura encontra-se fragilizada devido à convulsão dos rendimentos e das expectativas das pessoas. O fator central que está por detrás desta situação é a ausência de qualquer margem de manobra em matéria de política económica, visto que esta está inteiramente submetida a imperativos que resultam dos compromissos perante credores. Além dos impactos devastadores que a dependência financeira do País produz sobre a economia e a sociedade, acontece também que a dívida não é pagável com uma economia sem o mínimo de saúde. Teremos permanentemente uma economia a trabalhar para a dívida e, no entanto, a acumular cada vez mais dívida… Com efeito, está inteiramente demonstrado que as dívidas se revelaram cumulativamente recessivas. A única rubrica da despesa pública suscetível de redução sem impactos negativos é a que tem a ver com as despesas da dívida. É um alívio desse custo que pode dar margem de manobra a uma política económica não recessiva. Além disso, convém não esquecer que parte da nossa dívida resulta da própria pressão dos credores quando inundaram os mercados de crédito fácil e que os custos associados à intermediação bancária são muito elevados. Fossem os juros da dívida pública os que o Banco Central Europeu cobra pelas suas ofertas de liquidez, e o quadro seria radicalmente diferente. Bastaria, também, que os juros, os prazos e a forma da dívida se assemelhassem àqueles de que a Alemanha dispôs para a sua reconstrução e Portugal não estaria no sufoco em que está hoje.

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