Diz quem percorreu com atenção o itinerário da manifestação de 2 de Março em Lisboa que, afirmar que houve menos participação do que em 15 de Setembro é má-fé ou é pânico do governo Passos Coelho/Paulo Portas e dos poucos apaniguados que ainda lhe restam, alguns deles bem acoitados na comunicação social. Talvez se trate de um pouco das duas componentes.
Estação Baixa-Chiado, quatro da tarde. Muitas crianças, carrinhos de bebé, gente de todas as idades e tipos, todos atrasados para o início da "manif". No Marquês, há quem telefone: "Então? A cabeça do cortejo já vai nos Restauradores e ainda aí?" A resposta faz rir as pessoas à volta: "Eh pá, o Governo mandou o Metro boicotar-nos, estamos aqui há dez minutos e nada. Isto está tão cheio que parece o 25 de Abril." Uma senhora de 70 anos, reformada da função pública, emenda: "É mais o 1.º de Maio." Sai na Avenida, direta para o início do desfile: "Querem que a gente morra, mas não morremos tão depressa."
Fernanda Câncio, DN
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