terça-feira, 19 de março de 2013

MÃO-DE-OBRA BARATA E DESEMPREGO


Belmiro de Azevedo acaba de defender que “sem mão-de-obra barata não há emprego”. À primeira vista esta afirmação é tão descabida em relação aos seus próprios interesses que mereceu a unanimidade da reprovação de todo o espectro dos parceiros sociais, desde os patrões aos sindicatos. Quanto mais baixos forem os salários, menor é o poder de compra de quem trabalha e menos gasta nas lojas da Sonae – o eng. Belmiro ficará, assim, a perder.

Já está mais que provado que o modelo dos salários baixos não é bom, sequer, para os patrões. Sabendo-se que o peso do factor trabalho tem vindo a baixar desde há muitos anos, com os resultados que estão à vista, insistir na mesma solução torna-se suicida para o país, por mais dominante que seja a insensibilidade social dos governantes. A realidade é clara como água: a mão-de-obra está cada vez mais barata e, apesar disso, o desemprego não pára de subir.

Não sendo burro o dono da Sonae, fica por perceber o significado das suas palavras que, de certeza, não foram pronunciadas por acaso, a menos que sejam a expressão de uma vingança sobre aqueles que, durante algum tempo, puderam viver com alguma dignidade.

O aumento acelerado do desemprego e a destruição de postos de trabalho são, como todos sabemos, o problema social mais grave que o país actualmente enfrenta e com gravíssimas consequências. Como complemento deste tema transcrevemos a seguir um pequeno texto do economista Eugénio Rosa que encontrámos no Diário as beiras de sábado passado.


Desemprego acelera

No último trimestre de 2012 verificou-se uma aceleração rápida quer do desemprego quer da destruição de emprego, o que é um indicador claro da espiral recessiva em que o país já está mergulhado devido à politica recessiva violenta imposta pelo governo e “troika”.

O INE tem divulgado já em 2013 um conjunto de informação sobre os vários setores mais importantes da economia e sociedade portuguesa – industria, serviços, investimento, rendimentos, etc. – que confirmam o agravamento da crise económica e social. Mesmo as exportações, em que assentava a recuperação fictícia do governo e da “troika”, aumentaram apenas 1% no 4º Trimestre de 2012, tendo-se verificado num só ano – 2012- uma redução do índice do custo do trabalho em 14,9%, tendo os custos salariais diminuído 16,1% segundo o INE, o que revela uma redução brutal nos rendimentos dos trabalhadores.

Por outro lado, a perda para o país devido ao desemprego é gigantesca: variando, conforme se considere o desemprego oficial ou o desemprego real.

São valores gigantescos de riqueza e receitas contributivas perdidas, que são indispensáveis ao desenvolvimento do país e ao bem-estar dos portugueses, que a politica recessiva violenta imposta ao país pelo governo PSD/CDS e pela “troika” tem feito aumentar de uma forma rápida. Dados oficiais do INE e do Banco de Portugal, mostram de uma forma clara os efeitos diretos da recessão económica no aumento brutal do desemprego.

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