sábado, 9 de março de 2013

O NEGÓCIO DA SAÚDE



A criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) levou a que Portugal atingisse, no campo da saúde, patamares de nível mundial. O aspecto principal do SNS é destinar-se a todos os cidadãos, independentemente do seu nível de rendimentos já que a destrinça se faz a nível dos impostos pagos por cada um de nós.

Por outro lado, é do conhecimento geral que, o negócio da saúde é o segundo melhor logo a seguir ao das armas.

A retórica do Governo e de todos os Borges que compõem o seu séquito em relação à existência do SNS é por demais conhecida, tendo como desculpa os seus custos. A estratégia governamental está perfeitamente enquadrada pelo neoliberalismo mais radical. Não é de admirar, pois, que o trabalho desta gente vise, em especial, transformar a saúde dos portugueses num negócio lucrativo para privados, onde, como se pode prever, a parte mais pobre da população não tem qualquer hipótese de acesso. Os seguros de saúde já começaram a facturar em grande, à medida que de vai assistido à progressiva degradação do SNS.

Em Portugal existem 2,5 milhões de pessoas com seguros de saúde. Este número tem aumentado porque os cidadãos começam a duvidar, com razão, que o Serviço Nacional de Saúde lhes venha a dar resposta a tempo e horas e em qualidade no futuro próximo. Além do mais, a subida das taxas moderadoras para quem utiliza os hospitais públicos torna cada vez mais vantajoso a subscrição de um seguro de saúde. Acontece que, talvez por isso, estamos a regressar aos tempos em que as seguradoras começam a invocar sucessivos motivos para não pagarem o que devem aos seus segurados. Só pagam fisioterapia a quem partiu um pé, não a quem torceu. Só pagam a eliminação de sinais se for a bisturi, porque a laser é um tratamento estético. Não pagam porque, dizem, não está no contrato. A verdade é outra. Para as seguradoras, o algoritmo do negócio passa por grande parte dos segurados pagarem mas não utilizarem o seguro. O mundo está cheio de negócios baseados nesta premissa que foram à falência. (*)

Sendo a principal estratégia das seguradoras que os segurados não utilizem os seguros que pagam, faz-se uma ideia deste subterfúgio aplicado à nossa saúde…

(*) Nicolau Santos, Expresso Economia

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