domingo, 13 de julho de 2014

ASSASSINO DA CIÊNCIA



Restam poucas dúvidas de que o ministro da Ciência está a apostar forte na destruição da investigação científica em Portugal. Começou com os cortes brutais que fez aos bolseiros e, agora, assestou baterias nas unidades de investigação, algumas das quais com prestígio internacional. Para um país como Portugal, com poucos recursos naturais, o conhecimento é a nossa maior riqueza e devia ser promovido porfiadamente, na medida em que não se trata de um gasto mas de um investimento altamente rentável. As várias áreas que ficarão sem qualquer investigação não contribuirão apenas para o nosso atraso cultural e técnico mas também para o subdesenvolvimento económico do país.
De qualquer maneira, ao pretender assassinar a investigação científica, Nuno Crato (com o apoio do Governo) revela coerência com a linha política que tem seguido relativamente ao sector da educação, encerrando escolas atrás de escolas, sem outro critério que não seja o corte nas despesas.
Com muita oportunidade, Nicolau Santos interroga, no seguinte texto que transcrevemos do Expresso Economia de ontem se o ministro Crato será um assassino da ciência (science killer).
O ministro da Ciência quer liquidar a investigação científica e ficar somente com ilhas de ciência? Depois dos cortes drásticos nas bolsas para doutoramentos e pós-doc, agora é a avaliação das unidades de investigação, feita por um júri secreto, que avalia à distância, sem falar com ninguém e com base em critérios discutíveis, como privilegiar a estratégia em detrimento dos resultados. Como é possível que no júri que avalia as ciências de engenharia não houvesse um especialista em telecomunicações? E assim se excluiu o prestigiado Instituto de telecomunicações. Como foi possível afastar o IPATIMUP, um dos melhores centros europeus de investigação do cancro do cólon? Ou o CIES do ISCTE, para estudar temáticas como a desigualdade e as migrações? Depois de condenar à morte 5187 investigadores num total de 15444, agora a sentença liquida 154 unidades de investigação num total de 322. O dr. Nuno Crato é um science killer? Pelo menos está a trabalhar afincadamente para ganhar o título.

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