A
manipulação da verdade ou a mentira mais descarada, são imagens de marca da
maioria de direita, como toda a população portuguesa sabe e como até já parece
ter interiorizado tal qual se tratasse de uma situação normal. As mentiras
começaram a sentir-se mal o Governo tomou posse e, daí em diante, foi um fartar
vilanagem, ao ponto de qualquer afirmação de um dos seus membros, passar a
carecer de outras confirmações. Sem sombra de exagero, as declarações dos
actuais governantes são mentiras, até prova em contrário. É triste que se diga
isto mas chegámos a este ponto.
O
exemplo a seguir mencionado é do economista Eugénio Rosa (*) e tem a ver com o
sector da saúde. Vale a pena lê-lo.
É
mentira que a despesa
pública
com a saúde
em Portugal
seja superior à dos outros países.
Nessa manipulação da opinião pública, por parte do Governo, substitui-se,
muitas vezes, a despesa pública com a saúde pela despesa total com saúde que
são duas coisas diferentes, embora possa passar despercebida, pois a despesa
total inclui a despesa pública mais a despesa privada, e esta última é paga
diretamente pelo cidadão do seu bolso quando vai a um médico privado ou a um
hospital privado.
Numa
altura em que se verifica uma crescente degradação dos serviços públicos de
saúde em Portugal consequencia dos cortes brutais no financiamento do SNS, que
o governo e o ministro da saúde Paulo Macedo têm procurado ocultar, interessa
desmontar também esta mentira utilizada na propaganda oficial.
Se
analisarmos a despesa pública, e não a total, com a saúde conclui-se que em
Portugal ela era já em 2012 inferior à média dos países da OCDE. E isto porque
segundo a própria OCDE, em 2012, apenas 65% da despesa total com a saúde em
Portugal era financiada pelo Estado, quando a média nos países da OCDE atingia
72,3%. Fazendo os cálculos necessários conclui-se que, em 2012, a despesa
pública com a saúde em Portugal é muito inferior à média dos países da OCDE e o
fosso aumentou. A despesa pública com a saúde em Portugal correspondia a 6,1%
do PIB quando a média nos países da OCDE era de 6,7%, ou seja, mais 8,9%.
Portanto, é mentira que a despesa pública com a saúde em Portugal, medida em
percentagem do PIB, seja superior à média dos países da OCDE como muitas vezes
se pretende enganar a opinião pública.
E
o mais grave é que a comparticipação pública do Estado na despesa com a saúde
tem diminuído em Portugal enquanto nos países da OCDE tem aumentado. Entre 2000
e 2012, a percentagem da despesa pública com a saúde da população diminuiu de
66,6% para 65% da despesa total com saúde em Portugal, enquanto a média nos
países da OCDE aumentou de 71,4% para 72,3%, portanto uma tendência
precisamente inversa da que se tem verificado em Portugal, o que tem obrigado
os portugueses a suportarem, do seu próprio bolso, uma parcela crescente dos
custos da saúde, para além do aumento brutal dos impostos.
Enquanto
em Portugal os custos da saúde suportados diretamente pela população aumentaram
de 24,3% para 27,3% entre 2000 e 2012, na maioria dos países da OCDE diminuiu
porque aumentou a comparticipação pública sendo também subido a despesa por
habitante, aumentando assim o fosso entre Portugal e os países da OCDE.
(*) Diário
as beiras
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