domingo, 6 de julho de 2014

DESVARIO NEOLIBERAL


O domínio do mundo pelo cada vez mais absoluto radicalismo neoliberal está a causar “uma verdadeira implosão do desvario” à escala global. Não se olha a meios para atingir os fins mais perversos e as consequências serão fatais para a humanidade, com “poucos vencedores e muitos vencidos”. Por todo o lado a economia domina a política e a maioria das lideranças revelam uma ineficácia “confrangedora”, constituindo paus mandados dos donos do mundo. As pessoas passaram a contar pouco para os governantes que zombam delas depois de obterem o seu voto para se alcandorarem aos cargos. Todas as promessas feitas antes das eleições são imediatamente esquecidas pelos mandatários da pior escória que tomou conta do planeta. Nada de bom podemos esperar desta gente e os exemplos aí estão para o comprovar, como se pode constatar no texto seguinte, parte de num artigo de opinião (*) recolhido do Diário de Coimbra do passado dia 3 de Julho (quinta-feira).
O declínio da América e a expansão chinesa são historicamente inevitáveis mas, por favor, façam o que puderem para que esse afundamento não seja demasiado rápido, pois traria ainda mais desordem e nem quero falar de mais uma crise financeira por vós criada, cujos riscos seriam fatais, com poucos vencedores e muitos vencidos.
Este seria o resumo possível de um artigo publicado pelo experiente Zbigniew Brzezinski (Foreign Policy, Jan/2012), relatando uma conversa como um alto funcionário do partido comunista chinês. Recordo que Brzezinski foi o principal conselheiro de segurança nacional do presidente Carter (1977/81), com uma acção preponderante nos acordos de limitação do armamento nuclear (SALT II), nos de Campo David (Israel/Palestina), no financiamento dos mujahidin do Afeganistão, então em luta contra os soviéticos e exerceu idênticas funções na primeira campanha presidencial do actual presidente Obama.
E, o que está a acontecer – uma verdadeira implosão do desvario – parece fundamentar o referido diálogo.
O último, em data, prende-se com a criação do quinto califado islâmico, num regresso de séculos aos Omíadas e aos Abássidas, por enquanto ocupando o centro do território iraquiano e parte da Síria, seguindo-se a Jordânia, caso a Arábia Saudita e os habituais parceiros ocidentais continuem impávidos, mas já sem serenidade, como se constata.
Que dizer da Ucrânia, onde a Europa, já depois de ter garantido uma reunião tripartida com os russos e aceite a marcação de eleições antecipadas, embarca numa solução americana, ou melhor dizendo, apoiando-se no eixo Bruxelas/Berlim/Washington, o mesmo que tem permitido aos fundos financeiros especulativos, na gíria considerados como “abutres”, gerar crises como a 2007/08 que prossegue impavidamente com um desemprego insustentável, a humilhação, de, pelo menos, uma geração de europeus e com uma dívida pública proveniente em 59%  dos “presentes fiscais” e de taxas de juro arbitrárias, conforme o último relatório do colectivo para uma auditoria cidadã, que reúne mais de vinte associações representativas francesas e conhecidos economistas.
Se olharmos para as instituições europeias, a constatação da sua ineficácia é confrangedora e para a qual contribui, sem dúvida, o tratado sobre a estabilidade, a coordenação e a governança, uma verdadeira pantominice do ordoliberalismo e propícia ao nascimento do nacionalismo e do autoritarismo, conclusões indiscutíveis perante os resultados das últimas eleições europeias.
Sempre com forte oposição de Berlim, o BCE lá foi criando um mecanismo europeu de estabilidade para gerir as crises financeiras da zona euro e um sistema de supervisão financeira, que têm passado despercebidos e só em 2012, cinco anos depois do maremoto financeiro do outro lado do atlântico, se permite operações monetárias sobre títulos e a compra ilimitada no mercado secundário, da dívida soberana. Quanto ao envolvimento político e mediático em torno da escolha do novo presidente da comissão europeia ou, entre nós, da liderança do partido socialista, há um mesmo denominador comum que surpreende pela sua inocuidade.
(*) João Marques, Diplomado em Ciências da Comunicação

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