domingo, 20 de julho de 2014

MAIS UMA ETAPA DO GENOCÍDIO PALESTINIANO


Com 87 palestinianos mortos, este domingo em Gaza é já considerado o dia mais sangrento desde que se iniciou mais uma ofensiva israelita (8 de Julho). A actualização do número de vítimas acaba por ficar sempre aquém do que se está a passar no terreno, a todo o momento.
A ofensiva começou há 12 dias e, neste período de tempo, foram mortos mais de 400 palestinianos e duas dezenas de israelitas. A maioria dos mortos palestinianos são civis.
 A propósito de mais este crime perpetrado pelo governo de Israel, é bom recordar um texto da autoria de cinco membros do Comité de Solidariedade com a Palestina (*) publicado no Público de ontem, onde se comenta um artigo de opinião da embaixadora israelita, Tzipora Rimon.
Se fosse precisa mais alguma prova do carácter de Israel como regime de apartheid, o PÚBLICO teve o mérito de publicá-la, na forma de um artigo de opinião da embaixadora israelita, Tzipora Rimon. Depois de ter sofrido uma baixa mortal (dizemos bem: uma!), e de ter causado 200 (até agora), Israel vem ainda dizer-nos pela voz da diplomata quanto preza a vida humana.
Não pomos em dúvida os vultosos investimentos israelitas para colocar abrigos seguros, em poucos minutos, ao alcance dos seus cidadãos. Mas as únicas "vidas humanas" que importam ao regime racista israelita são as dos seus cidadãos judeus. Não contam, para esse regime de apartheid, as vidas dos palestinianos-israelitas, as dos palestinianos cercados de Gaza, as dos palestinianos sujeitos à ocupação na Cisjordânia e em Jerusalém. Essas podem ser sacrificadas às centenas, tanto as de adultos como de crianças.
Tsipora Ramon procura ainda  atenuar esta evidência de desprezo pelas vidas palestinianas, afirmando que "as forças de Israel esforçam-se também por diminuir a escalada e minimizar as baixas palestinianas, nomeadamente ao usar telefonemas, SMS, largando panfletos para avisar os cidadãos  
Incrível cinismo! Quando sabemos que cerca de 100.000 civis da Faixa de Gaza receberam já estas intimações para abandonarem as suas casas, é claro que se trata de mais uma escalada na campanha israelita de limpeza étnica. E a alegação da diplomata é duplamente cínica, quando sabemos que um em cada cinco habitantes de Gaza é intimado a partir (com um prazo de três minutos) precisamente quando está cercado e não tem para onde ir.
Assim começou também, nos anos 30, o extermínio dos judeus na Alemanha nazi – intimados a partirem, para países estrangeiros que lhes fechavam as portas. A lógica genocida do nazismo começou precisamente com esta mensagem, no caso dirigida aos judeus: não vos queremos cá, mas ninguém vos quer em lado algum. Por isso se juntam hoje ao boicote contra o regime israelita de apartheid e limpeza étnica todos aqueles judeus que não apagaram a memória de gerações passadas.
(*) André Trassa, Elsa Sertório, João Jordão, Shahd Wadi e Teresa Cabral, em nome do Comité de Solidariedade com a Palestina

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