sábado, 28 de fevereiro de 2015
NÃO SE PASSOU NADA?...
Passos Coelho tinha há cinco anos dívidas acumuladas ao Estado. A melhor desculpa que arranjou é que não foi notificado...
Obviamente o único caminho a seguir deveria ser a apresentação da demissão.
CITAÇÕES
Basta
de declarações de governantes (e não só), afirmando que estamos no bom caminho
e melhor do que há quatro anos.
(…)
No
presente, como bem mostra a situação que a Grécia atravessa, as vias para a
saída do atoleiro são estreitas, mas existem e devem ser prosseguidas
(…)
O
país precisa de uma política que articule o combate à pobreza, com fortes
medidas de criação de emprego digno e sustentado, com uma muito mais justa
distribuição da riqueza.
Seja pelas boas ou más razões, o problema é que os cidadãos de
todos os países da União estão cada vez mais descontentes com a expectativa
futura de terem de alienar a sua soberania e, também, de já terem alienado
demais.
Gustavo Cardoso, Público (sem link)
Não foi o Syriza que colocou a Grécia no estado em que está,
foram a troika
e o Governo grego amigo de Merkel, Rajoy e Passos Coelho.
(…)
Para esta [elite europeia] é inaceitável que ainda haja
governantes que olham para baixo, para a vontade de quem os elegeu.
(…)
E se um dia os eleitores portugueses votarem num governo
“errado”, como pode acontecer em democracia?
Pacheco Pereira, Público (sem link)
O que me parece significativa é essa terrível pobreza da
política europeia do Estado português, ou simplesmente de toda a sua política
externa.
Manuel Loff, Público (sem link)
Em 2015, tal como em 2011, tudo indica que, afinal,
os partidos subscritores do memorando da troika [PS, PSD e CDS] continuam
unidos no essencial.
O
que impressiona é a mistificação do sucesso estar a pegar.
Pedro
Santos Guerreiro, Expresso (sem link)
[No
Algarve] continua a destruir-se aquilo que hoje mais valoriza o turismo: a
qualidade ambiental e paisagística.
Luísa
Schmit, Expresso (sem link)
Com
um realismo chocante, esta semana, a Europa colocou o bom aluno, que ainda há
dias acenava docilmente sentado do lado certo da mesa, sob “vigilância apertada”.
Pedro
Adão e Silva, Expresso (sem link)
Os
resultados desta negociação não se devem avaliar pela distância entre o que a Grécia
queria e o que conseguiu, mas pela distância entre o que tinha e o que conquistou.
Daniel
Oliveira, Expresso (sem link)
Esta
é uma Europa que necessita de uma urgente intervenção às cataratas, que lhe
devolva a visão enevoada e a dificuldade de ver à distância.
Eduardo
Paz Ferreira, Expresso (sem link)
O
que se está a passar com os clientes que investiram no papel comercial do Grupo
Espírito Santo é uma vergonha.
Nicolau Santos, Expresso Economia (sem
link)
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
JUNTEM OS TRAPINHOS!
Os partidos da rotatividade
da governação passam o tempo a fingir que têm grandes divergências mas, de vez
em quando, foge-lhes a boca para a verdade. As diferenças entre eles são tão
insignificantes que, se juntassem os trapinhos, ninguém notava e poderiam
permanecer no poder por todos os séculos dos séculos amém. As próprias eleições
seriam sempre um passeio…
Cavaco daria pulos de
contente.
ESCOLHAS POLÍTICAS
Obviamente
que não é correcto culpar agora a Alemanha como país pelo garrote que está a
ser infligido aos países periféricos da Europa. O problema tem a ver com as
escolhas políticas que têm vindo a ser feitas pela UE, cujos responsáveis não
são apenas alemães. Por sinal, as referidas escolhas políticas têm beneficiado,
sobretudo, o capital financeiro em detrimento dos povos e contra os interesses
destes, incluindo o alemão.
Independentemente
do que o futuro nos vier a reservar, a vitória do Syriza na Grécia teve o
condão de colocar em questão o pensamento único e a ideia de que não há
alternativas à actual política de austeridade que atinge, em especial, os
países do sul da Europa, sem que nenhum dos problemas que supostamente levaram à
sua implementação fosse resolvido.
É
muito importante que se insista nesta ideia para que em futuras eleições os
votantes não mais sejam enganados pela propaganda mentirosa dos arautos do
neoliberalismo dominante.
O
texto seguinte (*) que transcrevemos do Diário as beiras de ontem dá uma achega
ao que acabámos de afirmar.
Na
Alemanha, tanto os Verdes como o Partido de Esquerda apoiam o essencial do
programa do Syriza: reestruturação da dívida, acudir à crise social e
humanitária e a rejeição da troika (comunicado dos Verdes, 17/02/15). Em
Portugal, o nosso Governo e a direita comprometida com o capitalismo financeiro
são mais radicais contra o Syriza do que o CDU de Merkel.
Durão
Barroso foi o maior responsável pela política da UE nos últimos 10 anos e não é
alemão. O problema da UE não é a Grécia ou a Alemanha, trata-se de um problema
de escolha política. Gosto dos dois países e gosto em particular do nível de
igualitarismo e de emancipação feminina da sociedade alemã. No entanto, tal
como divulgado no “Spiegel” do passado dia 19, tem aumentado o fosso entre
ricos e pobres desde 2006.
O
crescimento da economia alemã tem sido fraco desde 2012, em parte pela
diminuição do consumo de carros e eletrodomésticos alemães nos países em crise.
Na Alemanha, constato a informalidade crescente no emprego e nos serviços –
tornou-se mais frequente não receber faturas.
A
Goldman Sachs camuflou a dívida grega e apostou na sua falência com a
cumplicidade dos partidos da austeridade. Por cada euro de redução no
orçamento, o programa de austeridade provocou uma baixa do PIB entre 1,30 e
1,50€. A escolha não é entre a Grécia e a Alemanha, a escolha é entre syrizar
ou não syrizar.
(*) Rui
Curado da Silva
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
DENUNCIAR É PRECISO
O
texto seguinte (*) que transcrevemos do Diário de Coimbra de hoje contém dados
pouco divulgados na nossa comunicação social (sabe-se lá porquê…) relativamente
à dívida, à corrupção e à fuga aos impostos na Grécia assim como nas somas colossais
pagas por essa Europa fora a determinados cargos, uma verdadeira afronta aos
muitos milhões que vivem à beira da miséria.
Vale
a pena ler este texto que é suporte de alguma informação menos conhecida e que
é importante divulgar.
Manter
o essencial herdado dos anteriores acordos com a troica, nomeadamente a prossecução
do programa de privatizações já lançado e que inclui o porto de Pireu, combate
à corrupção e à evasão fiscal, acrescido do fornecimento gratuito de
electricidade a dezenas de milhares de famílias, acesso gratuito aos cuidados
de saúde e distribuição de fichas alimentares e de transporte para os mais
carenciados.
Eis,
no essencial, o resultado das negociações entre gregos, europeus e o soturno
FMI, que abalaram o continente, já a braços com um problema que deixou criar
(Ucrânia) e, outro, permitindo que o Estado Islâmico (Daesh) esteja já perto
das nossas fronteiras ao assumir uma posição estratégica na Líbia – se o
Kadhafi soubesse – para não abordar a já insustentável questão económica e
social, que atinge a maioria das nações europeias.
Resta
esperar que amanhã, o Bundestag confirme o acordo com o Eurogrupo e que o
partido Syriza consiga manter uma certa coesão política.
Queria
aqui deixar aos leitores, já que os media que tinham obrigação de o fazer, escondem
ou manipulam a informação, que 81% da dívida grega se distribui pelas amortizações
(32%), recapitalização dos bancos (19%), juros (16%) e pagamentos ao sector
privado (PSI, 14%), totalizando cerca de €205 mil milhões, pelo que é
facilmente compreensível o buraco onde se encontram os cidadãos desse magnífico
e histórico país.
Quando,
entre nós, ouço falar em combate à corrupção, tenho de sair especialmente do
sítio onde me encontro ou mudar de canal. Na pátria de Platão, a fuga ao fisco
ainda consegue ser mais elaborada. Recordo uma entrevista feita pelo canal
franco-alemão ARTE, no início da crise, ao presidente dos armadores gregos,
representando, então 12% do PIB, quando a jornalista o questiona pela isenção de
impostos de que goza tão importante actividade económica. Visivelmente incomodado
pela questão e com o indicador em riste, respondeu: “mas criámos uma fundação para
ajudar os pobres”.
E
que dizer da própria igreja ortodoxa, instituição que dispõe do maior conjunto
patrimonial do país e para quem ao impostos não têm qualquer relevância.
Contudo
por essa Europa fora, há quem viva mesmo muito bem e completamente a leste de
tudo isto. Ainda esta semana, foi anunciado que o novo presidente de uma
empresa farmacêutica (Sanifi) vai receber €4 milhões, simplesmente ao sentar-se
na cadeira que lhe está reservada, mais €1,2 milhões de salário fixo e uma remuneração
variável, representando até 200% da fixa, mais um número indeterminado de
acções da empresa (La Tribune).
Aqui
ao lado, o salário do presidente da “Iberdrola” ultrapassa os €9 milhões,
enquanto os 16 membros da diração repartiram um bolo de €15 milhões, enquanto
um ex-ministro do partido popular, como simples conselheiro, levou €299 mil
para casa (El País).
Entre
nós, tudo ou quase tudo continua a ser possível. Desta vez, é o próprio
Tribunal de Contas a acusar a entidade reguladora do setor das águas e resíduos
(ERSAR) de “negligenciar a defesa do interesse público”, ao não promover, junto
dos municípios, a renegociação dos contratos de concessão de água, no âmbito
das parcerias público-privadas, envolvendo 19 dos 27 contratos de distribuição às
populações.
“Prefiro
mil vezes um pecador a um corrupto” disse o Papa Francisco, na sua homilia matinal,
na residência Santa Marta. A diferença é que quem peca, pede perdão, sente-se
débil, humilha-se e procura esse perdão. Pelo contrário – acrescentou – o corrupto
leva uma vida dupla, com uma mão vai ao bolso para dar à igreja, enquanto com a
outra, rouba o Estado e os pobres. Como tal, não merece perdão – conclui o
Papa.
(*)
João Marques, Licenciado em Ciências da Comunicação
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
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