O
sistema que actualmente governa o mundo tem como objectivo favorecer uma
pequeníssima minoria de gente fabulosamente rica. Para esse efeito, todos os
meios são passíveis de utilização, mesmo aqueles que mais lesivos se mostram
para os interesses do Estado. Não estaremos muito longe da verdade se pensarmos
que “aqueles que dispõem de fortunas avultadíssimas” pagam apenas os impostos
que quiserem. É uma afirmação sem provas mas é a percepção do cidadão atento
aos casos de suspeita de fuga ao fisco que vêm a público a toda a hora e que
têm um ponto comum: envolvem sempre pessoas possuidoras de inimagináveis somas
de dinheiro, muito dele com origem mais que duvidosa.
O
escândalo SwissLeaks é apenas um dos últimos exemplos de que a podridão do
sistema entrou em velocidade de cruzeiro. Infelizmente nota-se que a vontade de
os governos colocarem um ponto final nestes desmandos é pouca já que se
desconfia muito que, provavelmente, preferem dar-lhes cobertura. O texto
seguinte de Nicolau Santos, que retirámos do Expresso Economia de ontem,
confirma todo o raciocínio que aqui expressámos.
O escândalo SwissLeaks, para
lá dos aspetos caricatos (com os portugueses que ninguém conhece mas que teriam
milhões em contas na filial suíça do HSBC) ou formais (a maioria dos crimes
associados a esta fuga de capitais já terá prescrito) vem de novo colocar em
cima da mesa a questão incontornável dos offshores. Os offshores servem, no
mínimo, para fugir aos impostos – e só estão disponíveis para uma camada muito
reduzida de cidadãos, aqueles que dispõem de fortunas avultadíssimas. No
máximo, servem para ocultar dinheiro de actividades ilícitas: droga, redes de
prostituição, venda ilegal de armas. Para os governos democráticos deveria ser
um imperativo acabar com os offshores. Mas se, como argumentam alguns, isso só
é possível se todos os países atuarem ao mesmo tempo, então há uma alternativa:
retirar a licença bancária a instituições financeiras que sejam coniventes com
a fuga e evasão fiscais. Tenho a certeza que rapidamente escândalos como o
SwissLeaks se tornariam residuais.
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