Caiu
na nossa caixa de correio electrónico um texto de reflexão de um camarada
bloquista que aqui deixamos com todo o gosto.
1. Julgo -tenho a
certeza - que não estou sozinho quando entendo que este momento que
atravessamos é não só único como ímpar obrigando a todos os esforços o que
implica um verdadeiro "toque a rebate" no sentido de convocar todos
os que se posicionam do mesmo lado. Há momentos históricos em que as
determinantes condicionam um alinhamento claro sem tergiversações o que implica
ou obriga escolher um dos lados. Acredito que estamos a viver um desses
momentos.
Diria mesmo que seria... e será de uma
gravidade política extrema nos nossos dias e com consequências impensáveis nos
próximos largos anos caso o desfecho do problema grego vá no sentido mais
retrógrado imaginável e, pior e ainda mais grave, possa a Grécia ficar isolada.
2. O tempo urge. O
Bloco está numa posição única para se empenhar a sério num contacto imediato
"de vida ou de morte" com os outros movimentos da mesma área política
da Europa, muito em particular do Sul, manifestando de todas as formas todo o
apoio ao governo eleito da Grécia e ao seu Povo por todas as razões cuja
justificação não carece minimamente de explicitação, avançando, inclusivé, com propostas
suficientemente radicais( no verdadeiro sentido) quem podem e devem passar por
exigências no sentido da discussão da dívida e da ainda e protelada dívida
alemã. [espantoso como um ministro das finanças da mesma Alemanha cuja
tristíssima história recente se fica por uns setenta anos se atreva a pôr em causa a legitimidade do povo grego
escolher democrática e livremente os seus representantes]...as voltas que o
Mundo dá!
3. Nas ultimas
semanas percebemos (como se fosse necessário) as (In)definições do costume,
desde aqueles a quem todos os argumentos servem para o habitual " não me
comprometa" ou " vamos ver em que param as modas" passando pelo
portuguesissimo político- centrismo cretino, hipócrita e covarde dos que
designo por " bissectrizes políticas " até aos que como não se
identificam " completamente" nem "controlam todo o
processo" optam por manter um distancionamento habitual, embora
compreensível.
4. Vou mais longe
sem complexos de legitimidade ou de purismo de esquerda que, creio, neste
momento histórico, não me parecer - estou certo - fazer qualquer sentido.
Compete ao BLOCO aqui e agora,e,repito , porque está numa posição privilegiada
politicamente, tentar de todas as formas , com a necessária humildade
democrática e para além de divergências outras e legitimas , agregar todas as
forças que tão simplesmente estão do lado do povo grego contra a oligarquia
burocrático- financeira de Bruxelas. Mais... é fundamental, na minha modesta
opinião, criar condições - e não me parece de todo muito difícil - que pela
dinâmica do evoluir do processo impliquem (obriguem) a que as diversas forças
de esquerda se definam claramente.
5. Hoje e aqui
atrevo-me a sugerir que todo o BE se congregue multiplicando todas as forças,
concentrando-as, com a abertura de espírito necessária na "batalha da
Grécia".
Em muito, diria
mesmo, em tudo, o projeto político próximo depende da prática política seguida nas
próximas semanas ou meses.
6. A Grécia, o
Syriza/ esperança/ orgulho de todo um povo não pode perder. Certo que o Mundo e
a Europa não desaparecerão e a " luta continua" mas creio
humildemente, sinto, que para todos os que acreditam numa alternativa democrática
por um verdadeiro socialismo em sintonia com os tempos que vivemos não esgotar
todos os meios possíveis de solidariedade e apoio efetivo à Grécia será injustificável.
Nada o justificará!
Assim o possamos
entender de uma vez por todas... muito para além, embora mantendo divergências
necessárias e legítimas, de verdadeiras questiúnculas ou arrufos que nada têm
contribuído para uma alternativa séria de esquerda e que por vezes raiam o
insuportável.
O Bloco pode, deve,
aproveitar, inclusivé sem medos de alguns afastamentos, esta determinante
histórica que creio não se repetirá em tempo útil.
Eurico Dias Gomes
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