Teve
a maior repercussão negativa a sessão de beija-mão e subserviência a que
sujeitou a ministra das Finanças e, por conseguinte o Governo português perante
o “sinistro mandarim Wolfgang Schäuble”, como representante da Alemanha imperial,
numa altura em que a União Europeia já se demitiu das suas funções, cedendo
todo o poder ao gigante germânico. A humilhação a que Portugal foi sujeito
contrasta com a dignidade que o novo governo grego colocou “ao bater o pé à Alemanha
e à mesquinha empresa de negócios em que a Europa se transformou”, como afirma com
muita veemência o Prof. Santana Castilho no texto quinzenal que assina hoje no
Público.
Foi de subserviência que se tratou quando a
ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, foi a Berlim a um beija-mão
despropositado e se prestou a ser exibida como troféu de colonização moderna
pelo sinistro mandarim Wolfgang Schäuble. Foi de obediência servil o triste
papel que o primeiro-ministro português representou na Europa, enquanto Yanis
Varoufakis lutava por uma dignidade que ele, Passos Coelho, não tem e muito
menos entende.
O
que vai resultar da estratégia do Governo grego bater o pé à Alemanha e à
mesquinha empresa de negócios em que a Europa se transformou está por apurar.
Mas o que resultou dos três anos que o Governo português passou a abanar a
cauda à senhora Merkel e aos seus capachos já está apurado e traduzido em
números. Bastam algumas linhas e outras tantas colunas do Orçamento do Estado
para 2015 para verificar que os 92.424 milhões de euros inscritos sob a
epígrafe “operações da dívida pública” são mais do que o triplo dos 29.000
milhões resultantes da soma do se prevê gastar com Educação, Saúde, Segurança
Social e outras prestações sociais. Basta recordar os 300 mil emigrados
forçados, o milhão e 200 mil desempregados, o milhão e 700 mil sem médico de
família, os 23.089 professores, 2107 enfermeiros, 10.842 administrativos e 21.834
auxiliares despedidos para perceber que quem com isto se sente orgulhoso jamais
entenderá quem contra isto bate o pé.
O democrático bater de pé do
Governo grego tem um significado bem mais extenso do que o querer do
Syriza. Merkel compreendeu isso quando apeou Georges Papandreou, logo que ele
decidiu referendar a austeridade na Grécia. Tal como já o havia intuído quando
mandou o voto dos italianos às malvas e substituiu, tecnocraticamente, sem
eleições, Berlusconi por Monti. Mais do que tudo, é este medo continuado que a nomenklatura política europeia nutre pelo
voto do cidadão comum, suportado pelo abanar de cauda de tantos pequenos
chefes, que pode agora, em boa hora, ser posto em causa.
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