quinta-feira, 30 de abril de 2015

CATÁSTROFE HUMANITÁRIA NO MEDITERRÂNEO: O ALHEAMENTO DA UE


Afirmava, com toda a propriedade, Frei Bento Domingues, no passado domingo no Público que “a Europa não pode esquecer a sua parte de responsabilidade pelo que se passa no Médio Oriente”. De facto, todas as guerras, “horrores”, fome, devastações e mortandades cujas imagens nos chegam diariamente através da televisão têm uma cumplicidade ainda que indirecta da esmagadora maioria dos actuais governantes europeus. Perante a mortandade que está a passar-se no Mediterrâneo lavam as mãos como Pilatos e alguns exprimem com desdém a opinião de que é bom que morram muitos dos que querem chegar à Europa para desencorajar outros que pretendam pôr-se a caminho de um lugar onde, pelo menos, possam livrar-se da guerra. A aplicação prática dos princípios da “solidariedade” e dos “direitos humanos” são aqui tábua rasa e ficam guardados para atacar adversários políticos que tenham telhados de vidro nestas áreas mas noutros locais do mundo.
A demissão da União Europeia no sentido de tomar “medidas para evitar a catástrofe humanitária dos refugiados que atravessam o Mediterrâneo” é o tema de fundo do artigo que José Vitor Malheiros no Público de ontem e que aqui deixamos. Os sublinhados são nossos.  
“Demasiado pouco, demasiado tarde.” É cada vez mais frequente termos de dizer isto da acção de um Estado, da acção dos governantes.
Pelo menos sempre que se trata de promover a paz e o desenvolvimento; de promover a cooperação internacional; de combater a fome, a pobreza e a desigualdade; de investir na educação, na cultura e na ciência; de proteger o ambiente; de garantir a defesa da liberdade, da democracia e dos direitos humanos. E é cada vez mais frequente, tristemente frequente, sermos obrigados a dizer isto da acção da União Europeia, dessa União Europeia que nos seduziu com sonhos de solidariedade e que gosta de se proclamar campeã dos direitos humanos mas que nos envergonha todos os dias com a sua demissão dos mais elementares deveres perante os mais fracos, com a sua cupidez em favor dos mais ricos, com a sua pusilanimidade perante os mais fortes.
A reunião de quinta-feira passada do Conselho Europeu, onde em teoria os 28 Estados-membros da União Europeia tomaram medidas para evitar a catástrofe humanitária dos refugiados que atravessam o Mediterrâneo para tentar chegar à Europa, é apenas mais um de uma longa lista de lamentáveis exemplos de demissão.
“Demasiado pouco, demasiado tarde.” Às vezes quase nada, tarde demais. Quase sempre medidas para dar títulos de jornal apaziguadores, mas que não atacam as raízes dos problemas e apenas permitem descansar as consciências dos menos exigentes.
Onde estão os políticos europeus que defendem algo de que nos possamos orgulhar? Desapareceram. Mesmo quando parecem existir num dado momento, desintegram-se ao chegar ao primeiro Conselho Europeu. A União Europeia dissolve toda a ideia política e apenas deixa negócios com um cheiro de enxofre no ar.
Onde estão os políticos europeus que defendem essa ideia de uma Europa da solidariedade, dos direitos e do progresso e que têm a coragem de a traduzir em medidas políticas? Que agem por imperativo de consciência, que agem mesmo quando não é possível contentar todos, que não esperam pelos media para saber o que devem pensar, que têm convicções que não os envergonham, que não têm medo de desagradar a essa extrema-direita para onde estão a ir tantos votos? Estarão todos mortos? Estarão todos nos partidos emergentes que ainda não chegaram ao poder? Ou estará a vontade política a concentrar-se apenas nos partidos xenófobos da extrema-direita? Será o condomínio fechado com os pobres a tentar escalar o muro o único sonho possível nesta Europa de banqueiros-piratas e de políticos-mordomos?
As medidas tomadas no último Conselho Europeu não são apenas poucas e tardias. São uma vergonha e são ineficazes.
União Europeia triplica orçamento da missão de vigilância do Mediterrâneo, titulava este jornal. Parece bom. Só que as notícias explicam que a “triplicação” da UE fica aquém do orçamento que, no ano passado, a Itália sozinha atribuía às operações de salvamento de refugiados no Mediterrâneo, com a operação Mare Nostrum, terminada em Outubro de 2014 porque a UE não a quis apoiar.
A UE quer reduzir a má imprensa mas sem mexer uma palha, gastando pouco e fazendo menos. O objectivo da maior parte dos países europeus, como o Governo de David Cameron dizia sem vergonha até há pouco, é que continuem a morrer imigrantes em massa no Mediterrâneo, para que a Europa não se torne mais atraente para os que ficam. O abjecto fraseado britânico afirma que o alargamento das operações de salvamento no Mediterrâneo constitui um “pull factor” que encoraja a imigração clandestina para a UE. “Pull factor”. Não se devem salvar pessoas porque isso constitui um “pull factor”. Nem vale a pena argumentar que quando se suspendeu o Mare Nostrum a imigração aumentou. Não vale a pena tentar explicar que aquelas crianças que morrem afogadas no Mediterrâneo são de carne e osso como os filhos do senhor Cameron, que a morte de cada um deles é tão trágica como foi a morte do primogénito do senhor Cameron, que cada um deles vale o mesmo que cada um dos nossos filhos. Seria melhor matá-los à vista para os desanimar de virem? A Europa deve condenar à morte as famílias cujos pais querem proporcionar uma vida decente aos seus filhos?
A UE, se tivesse um mínimo de decência ou de vergonha, deveria reconhecer a importância de realizar as necessárias operações de salvamento no Mediterrâneo e não apenas ao longo das suas costas. Deveria discutir seriamente (em casa e com os seus vizinhos de África e do Médio Oriente) uma política de imigração que não deveria ser outra coisa senão generosa e pôr em prática as ferramentas necessárias para fornecer os devidos vistos a refugiados políticos e económicos. E deveria construir uma verdadeira política externa que apoiasse os esforços em prol da pacificação dos países em guerra e do desenvolvimento dos países mais pobres. Devia. Seria uma política externa de que nos poderíamos orgulhar, justa, exaltante e mobilizadora. Mas esta é uma UE da qual não se pode sequer esperar decência.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

ACIDENTES DE TRABALHO EM PORTUGAL


Portugal é o 5º país europeu com maior número de mortes laborais per capita.
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NOVAS IMPORTAÇÕES DE ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (OGM) PARA A UE


NÃO SE ABRA A PORTA DA EUROPA A ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (OGM)

A União Europeia aprovou na passada sexta-feira, 24 de Abril, 10 novas autorizações de organismos geneticamente modificados (OGM) para alimentação animal e humana, incluindo variedades de milho, soja, algodão e colza. A Comissão Europeia renovou também licenças para 7 produtos OGM.
Bayer, Monsanto, Syngenta são nomes de empresas multinacionais da agricultura, biotecnologia e produtoras de sementes geneticamente modificadas (transgénicos).
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terça-feira, 28 de abril de 2015

“ANALISTAS” COM A RECEITA CERTA…




Augusto Santos Silva, como governante do PS foi: Secretário de Estado da Administração Educativa (1999-2000); Ministro da Educação (2000-2001); Ministro da Cultura (2001-2002); Ministro da Defesa (2009-2010).
Apenas um exemplo dos actuais “analistas” políticos.
Os que ontem nos puseram no buraco são os que hoje comentam o buraco em que nos meteram e têm a receita certa para sairmos dele… Quem acreditar nesta gente não pode depois queixar-se de ter sido enganado.

UMA HISTÓRIA TRISTE


É preciso alguém da maioria de direita no Governo ter uma cara de pau de dimensões colossais para afirmar diante das câmaras de televisão que “os nossos dois partidos têm uma história nas políticas sociais”. Estas foram afirmações de Paulo Portas na encenação que montaram aquando da assinatura de um pretenso acordo de coligação que nem sequer ainda foi ratificado pelas respectivas direcções partidárias.
De facto, trata-se de uma história triste que conta a degradação da protecção social que começou antes de 2011 mas cresceu após esta data.
Debrucemo-nos apenas sobre o que está a acontecer com os idosos, um dos grupos mais vulneráveis da nossa sociedade.
Apesar de as carreiras contributivas serem cada vez maiores, a pensão média tem vindo a baixar significativamente devido aos repetidos cortes impostos. Expressiva a queda de 2013. 


Também o Complemento Solidário para Idosos - apoio dado a quem não tenha descontos suficientes para uma pensão mínima - começou a cair desde 2011, tanto em número de beneficiários, como em verba orçamentada.


É esta apenas uma pequena parte da história triste que nos deixa a acção governativa tanto do PSD como do CDS, como dos dois juntos, no que diz respeito a políticas sociais.