Tanto
quanto nos foi dado observar, grande parte da comunicação social não referiu a
conversa de Eugénio da Fonseca, presidente da Cáritas portuguesa, aquando da apresentação
do terceiro relatório daquela instituição de solidariedade social referente a
2013 que ontem teve lugar. Estamos perante uma personalidade, insuspeita de
qualquer espécie de radicalismo de esquerda, que vem desmentir de forma
categórica a propaganda do Governo e dos seus acólitos sobre uma idílica
melhoria da situação da economia portuguesa que signifique a alteração das
penosas condições de vida de uma parte significativa dos cidadãos.
De
realçar a referência de Eugénio da Fonseca às mais de 640 mil crianças e jovens
em risco de pobreza, que, de certeza, não andaram a gastar acima das suas
possibilidades…
O
texto seguinte foi retirado da imprensa escrita que relatou a notícia.
O
presidente da Cáritas portuguesa mostrou-se ontem “muito preocupado” com a
pobreza infantil em Portugal que se estima atinja um quarto das crianças e
jovens, considerando que pode comprometer o desenvolvimento do país.
A
pobreza infantil “é uma preocupação acrescida porque tem repercussões para o
futuro que pode comprometer um desenvolvimento integrado a médio e longo prazo”,
afirmou Eugénio da Fonseca, lembrando que a pobreza infantil “não é um fenómeno
isolado”.
“Há
crianças pobres porque estão em famílias pobres. As crianças ficaram sem meios
de subsistência porque os seus pais perderam os postos de trabalho e os
recursos financeiros para poder assegurar a subsistência e perderam
determinados tipos de protecção social”, acrescentou Eugénio Fonseca, que
falava aos jornalistas à margem da apresentação, em Lisboa, do terceiro
relatório da Cáritas, relativo a 2013, que monitoriza a situação dos sete
países mais afectados pela crise na União Europeia.
Portugal
surge no relatório como o país em que o risco de pobreza e a exclusão social
mais cresceu, estimando-se que existam mais de 2,8 milhões de portugueses em
risco de pobreza sendo que destes mais de 640 mil serão crianças e jovens.
“Há
dados que são bastante preocupantes e que têm a ver com o facto de ter
aumentado a pobreza e a exclusão social relativamente aos anos anteriores em
cerca de 2,1 pontos [percentuais]. Suplantamos até a Grécia e isso reflecte
bastante o aumento da pobreza infantil e o desemprego de longa duração”, referiu.
O
dirigente da Cáritas sublinhou ainda como negativo o facto de a dívida pública
não estar a decrescer e termos actualmente a segunda maior dívida pública da Europa
. “Aquilo que foi o grande desígnio nacional e que levou a tanto sofrimento, a
dívida, continua a ter uma expressão altamente preocupante e não diminuiu, pelo
contrário, cresceu, comentou.
Eugénio da Fonseca responsabilizou
o programa de austeridade aplicado a Portugal pelo aumento da pobreza e denunciou
o que considera uma grande falta de solidariedade dos parceiros mais próximos
da União Europeia.
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