quinta-feira, 23 de abril de 2015

MAIS DE 640 MIL CRIANÇAS E JOVENS EM RISCO DE POBREZA


Tanto quanto nos foi dado observar, grande parte da comunicação social não referiu a conversa de Eugénio da Fonseca, presidente da Cáritas portuguesa, aquando da apresentação do terceiro relatório daquela instituição de solidariedade social referente a 2013 que ontem teve lugar. Estamos perante uma personalidade, insuspeita de qualquer espécie de radicalismo de esquerda, que vem desmentir de forma categórica a propaganda do Governo e dos seus acólitos sobre uma idílica melhoria da situação da economia portuguesa que signifique a alteração das penosas condições de vida de uma parte significativa dos cidadãos.
De realçar a referência de Eugénio da Fonseca às mais de 640 mil crianças e jovens em risco de pobreza, que, de certeza, não andaram a gastar acima das suas possibilidades…
O texto seguinte foi retirado da imprensa escrita que relatou a notícia.
O presidente da Cáritas portuguesa mostrou-se ontem “muito preocupado” com a pobreza infantil em Portugal que se estima atinja um quarto das crianças e jovens, considerando que pode comprometer o desenvolvimento do país.
A pobreza infantil “é uma preocupação acrescida porque tem repercussões para o futuro que pode comprometer um desenvolvimento integrado a médio e longo prazo”, afirmou Eugénio da Fonseca, lembrando que a pobreza infantil “não é um fenómeno isolado”.
“Há crianças pobres porque estão em famílias pobres. As crianças ficaram sem meios de subsistência porque os seus pais perderam os postos de trabalho e os recursos financeiros para poder assegurar a subsistência e perderam determinados tipos de protecção social”, acrescentou Eugénio Fonseca, que falava aos jornalistas à margem da apresentação, em Lisboa, do terceiro relatório da Cáritas, relativo a 2013, que monitoriza a situação dos sete países mais afectados pela crise na União Europeia.
Portugal surge no relatório como o país em que o risco de pobreza e a exclusão social mais cresceu, estimando-se que existam mais de 2,8 milhões de portugueses em risco de pobreza sendo que destes mais de 640 mil serão crianças e jovens.
“Há dados que são bastante preocupantes e que têm a ver com o facto de ter aumentado a pobreza e a exclusão social relativamente aos anos anteriores em cerca de 2,1 pontos [percentuais]. Suplantamos até a Grécia e isso reflecte bastante o aumento da pobreza infantil e o desemprego de longa duração”, referiu.
O dirigente da Cáritas sublinhou ainda como negativo o facto de a dívida pública não estar a decrescer e termos actualmente a segunda maior dívida pública da Europa . “Aquilo que foi o grande desígnio nacional e que levou a tanto sofrimento, a dívida, continua a ter uma expressão altamente preocupante e não diminuiu, pelo contrário, cresceu, comentou.
Eugénio da Fonseca responsabilizou o programa de austeridade aplicado a Portugal pelo aumento da pobreza e denunciou o que considera uma grande falta de solidariedade dos parceiros mais próximos da União Europeia.    

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