sexta-feira, 17 de abril de 2015

3400 MIGRANTES PERECERAM NO MEDITERRÂNEO EM 2014



Na madrugada do dia 15 de Abril de 2012 consumou-se o naufrágio do Titanic, um navio transatlântico construído com algumas das mais avançadas tecnologias da época e considerado “inafundável”. Detinha o título do maior navio de passageiros do mundo e na sua viagem inaugural (e única) transportava 2223 pessoas, muitas delas ricas e poderosas. Foram contabilizados 1517 mortos.
Quando passam 103 anos sobre esta tragédia, ficam na nossa memória os 3400 migrantes mortos no Mediterrâneo em 2014, mais do dobro dos que pereceram no naufrágio do Titanic.
Então, por que razão este número passa quase despercebido na comunicação social e apenas a Amnistia Internacional lhe dá o relevo que merece?
Tanto quanto a realidade nos mostra, a explicação é simples.
Mais de 100 anos depois do naufrágio do Titanic ainda se fala nesta tragédia porque os passageiros que o navio transportava eram europeus brancos, muitos deles pessoas ricas e importantes na época.
Em 2014 os 3400 mortos no Mediterrâneo eram migrantes africanos, negros e pobres que fugiam à guerra e à miséria relativamente às quais o norte desenvolvido tem grandes responsabilidades.
Há aqui, portanto, uma diferença muito grande no estatuto dos mortos. Para o ocidente rico e poderoso 3400 negros mortos não tem qualquer significado. As suas vidas agora valem ainda menos do que quando eram feitos escravos e traficados para trabalhar nas Américas.
A propósito, ainda ninguém se lembrou de definir a quantas vidas de negros corresponde a vida de um branco europeu ou americano…
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