Na madrugada do dia 15 de Abril de 2012 consumou-se o
naufrágio do Titanic, um navio transatlântico construído com algumas das mais
avançadas tecnologias da época e considerado “inafundável”. Detinha o título do
maior navio de passageiros do mundo e na sua viagem inaugural (e única)
transportava 2223 pessoas, muitas delas ricas e poderosas. Foram contabilizados
1517 mortos.
Quando passam 103 anos sobre esta tragédia, ficam na
nossa memória os 3400 migrantes mortos no Mediterrâneo em 2014, mais do dobro
dos que pereceram no naufrágio do Titanic.
Então, por que razão este número passa quase
despercebido na comunicação social e apenas a Amnistia Internacional lhe dá o
relevo que merece?
Tanto quanto a realidade nos mostra, a explicação é
simples.
Mais de 100 anos depois do naufrágio do Titanic ainda
se fala nesta tragédia porque os passageiros que o navio transportava eram
europeus brancos, muitos deles pessoas ricas e importantes na época.
Em 2014 os 3400 mortos no Mediterrâneo eram migrantes
africanos, negros e pobres que fugiam à guerra e à miséria relativamente às
quais o norte desenvolvido tem grandes responsabilidades.
Há aqui, portanto, uma diferença muito grande no
estatuto dos mortos. Para o ocidente rico e poderoso 3400 negros mortos não tem
qualquer significado. As suas vidas agora valem ainda menos do que quando eram
feitos escravos e traficados para trabalhar nas Américas.
A propósito, ainda ninguém se lembrou de definir a
quantas vidas de negros corresponde a vida de um branco europeu ou americano…
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