O Dia Internacional dos Direitos Humanos é celebrado anualmente a 10 de
dezembro.
Numa altura em que se assiste por todo o
mundo a uma sistemática violação dos direitos humanos, nas mais variadas
vertentes, é muito importante que se faça uma comemoração sonante desta data para
que a opinião pública seja alertada e tome posição perante os atropelos sistemáticos,
em todas as latitudes e todos os dias, aos direitos que, para homens e mulheres
deste planeta, deviam ser invioláveis.
Como se pode ler numa enciclopédia, “direitos
humanos” é a “expressão com que se designam os direitos do homem válidos independentemente
de coordenadas temporais e espaciais”, portanto, à escala universal.
Pela nossa parte vamos assinalar a data deixando
aqui a transcrição de um artigo de opinião assinado pelo Investigador
Científico Daniel Barros, que veio à estampa no “Público” de hoje.
A 10 de Dezembro celebramos os direitos
humanos. Esta data, definida em 1948 pela Assembleia Geral das Nações Unidas,
visa criar pautas do que devemos ter como mínimos à dignidade, equidade,
respeito e Paz entre as pessoas em todo o mundo.
Esta efeméride, que nasceu da
necessidade urgente de se repensar os direitos humanos no pós-segunda guerra
mundial, materializou-se na criação da Declaração Universal dos Direitos
Humanos — um documento que faz parte do património (i)material e que serve
de base ao que deve ser o comportamento político internacional.
Dito assim, parece que os
direitos humanos são uma realidade distante das nossas vivências, como
indivíduos, como cidadãos “comuns”, mas vejamos: todos nós integramos, de uma
forma ou outra, estruturas macro-sociais e políticas que definem parte das
nossas decisões. Pensemos no caso das questões das políticas laborais, ou das
migrações, do acesso à educação, ou ainda das condições de saúde e protecção
social que país onde vivemos nos pode oferecer. No entanto, nós, os elementos
mais "micro" de tudo isto, também influenciamos o contexto, não somos
só e apenas elementos passivos que vão assimilando o que nos vão enviando do
alto. Todos nós, cidadãos, com manifestações de agrado e desagrado, com as
nossas contribuições profissionais, com a participação social e cívica e, em
muito, com as contribuições humanas na relação que estabelecemos com os outros,
moldamos o que queremos de valores e comportamentos sociais para a construção
da paz.
Dito isto, gostava que
pensássemos sobre que direitos humanos é que, na prática, estamos a promover
nas nossas vidas no dia-a-dia. Convido a que questionemos: estamos a aceitar e
respeitar as pessoas como elas são, considerando a sua etnia, género, idade,
habilitações escolares, profissão, nacionalidade, ideologia política,
orientação sexual e religião? Estamos a considerar que a vida humana é de valor
incalculável e que todos temos de ter acesso aos cuidados de saúde? Estamos a
considerar que todos, sem excepção, têm direito a protecção social no
desemprego e na pobreza? Estamos a promover condições de promoção de educação e
formação com equidade? Ainda, estamos a promover condições laborais com
respeito pelos funcionários e pelo seu bem-estar?
Infelizmente, muitas
destas questões têm uma resposta claramente negativa. Provavelmente reunir
todos os direitos possa parecer uma utopia, mas à qual temos e devemos aspirar,
sabendo que o caminho é darmos pequenos passos no sentido de amenizar as
diferenças até que um dia sejam indetectáveis. Podemos, no entanto, dar já
passos nesse sentido!
Um dos passos é a educação: não falo
apenas da educação formal — aquela das escolas, das faculdades, dos institutos
e dos centros de formação — mas sim da educação não formal, aquela que é para a
vida, transversal e que se aprende em qualquer contexto em contacto com o
outro. É mesmo importante que vivamos em partilha, que consigamos ver e sentir
o lado do outro, o que são os seus desafios, as suas superações, vitórias e
partilhar no sentido do crescimento conjunto.
Na prática, podemos resumir tudo à importância da comunicação para
anular barreiras e preconceitos. Quando comunicamos construímos pontes que
anulam a distância ao outro e reduzimos a insensibilidade perante a realidade
que é vivida fora da nossa pele. Talvez este seja o caminho para os direitos
humanos: viver na pele do outro para compreender a sua realidade, a nossa
realidade.
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