Esta coisa de nos armarmos até aos dentes e de com
isso se promover uma ideia de suposta segurança não é mais do que isso (mesmo).
(...)
Devo confessar que a mim sempre me pareceu um sinal de
profunda insegurança e que não percebo a ideia de que mais armas na rua são
sinónimo de mais segurança.
(…)
Quer saber-se sempre qual a nacionalidade dos
criminosos e das vítimas.
(…)
[Alimenta-se a ilusão] de que se acabarmos com as
migrações acabamos com a insegurança.
(…)
Só a paz nos pode salvar da guerra, só a eliminação
das desigualdades nos pode salvar da insegurança.
Constatamos que, em geral, estas greves
emergiram a partir de descontentamentos legítimos.
(…)
De facto, foram as entidades patronais
daquele porto [Setúbla] que, desrespeitando impunemente e durante anos os
direitos dos trabalhadores e a lei, causaram tal prejuízo [de milhões].
(…)
[Aos enfermeiros] os governos não
responderam com medidas de necessária valorização e dignificação.
(…)
É normal que esta greve [dos
enfermeiros] seja socialmente questionável e efetivamente questionada,
suscitando justificadas interrogações.
(…)
O poder económico e financeiro obtém
fabulosos lucros com os negócios na área da saúde e sabe que uma desconfiança
dos portugueses no SNS tornará o negócio bem mais chorudo.
(…)
A conquista de melhores condições de
trabalho e de vida e a afirmação de direitos humanos, como o direito à saúde, é
uma luta persistente e contínua.
Se foi precisamente em torno da recomposição
do Estado social que os partidos à esquerda revelaram menor capacidade de
entendimento, é natural que a questão se coloque cada vez mais com o aproximar
de um novo ciclo político.
Pedro Adão e Silva,
Expresso (sem link)
Mas os enfermeiros não são remunerados
por um fundo de greve, com regras claras e que resulta de anos de trabalho de
um sindicato.
(…)
Só que a plataforma usada para esta
recolha de fundos [para remunerarem os enfermeiros em greve] permite o anonimato
dos dadores.
(…)
[Fica no ar] o perigoso precedente de
podermos ter financiamento anónimo de greves por concorrentes de empresas ou
instituições.
(…)
Esta greve [dos enfermeiros], liderada
por movimentos inorgânicos com sindicatos feitos “na hora” abre a porta à destruição
de estruturas sindicais sólodas.
Daniel Oliveira,
Expresso (sem link)
A crise cresce [na Europa] com a
incapacidade institucional de responder ao mal-estar social.
(…)
Macron afirma que faltou um rei aos
franceses, logo no país mais republicano da Europa, e era evidente que um dia a
contradição cobraria a sua fatura. E foi agora, com o povo na rua.
(…)
Em Paris está a exibir-se a morte da
promessa de uma globalização feliz, perante um povo que descobriu que só lhe
sobra a vida triste.
Francisco Louçã,
Expresso Economia (sem link)
A esperança é que os governos que
colocam o bem-estar no centro da sua agenda redirecionem os seus orçamentos em
conformidade.
(…)
Os dados revelam que os EUA estão repletos
das chamadas armadilhas da desigualdade.
(…)
É notável a dificuldade que existe em
atuar neste sentido [de colocar as pessoas em primeiro lugar], mesmo numa
democracia.
(…)
Os interesses das empresas e outros
interesses especiais procuram sempre garantir que os seus interesses venham em
primeiro lugar.
Joseph
E. Stiglitz, Expresso Economia (sem link)
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