A luta contra as alterações climáticas tem
de ser de todos pois todos, sem excepção vamos sofrer na pele as modificações
aceleradas que o clima está a ter no nosso planeta. É esta, no fundo, a
mensagem contida no artigo de opinião que veio à estampa no “Público” de hoje,
assinado por António Sá da Costa, presidente da Associação Portuguesa de
Energias Renováveis.
Na realidade, o autor do texto coloca de
uma forma muito simples a necessidade da “definição de políticas para suster o
aquecimento global”, se queremos chegar ainda a tempo de salvarmos a vida no
planeta. Vale a pena lermos a comparação que é feita entre o Roteiro para a
Neutralidade de Carbono (RNC) e “todo o trabalho que está por detrás da
seleção nacional de futebol”. Só que, para ser cumprido o RNC, “os
jogadores somos todos os portugueses”…
A 4 de dezembro passado foi apresentado
o Roteiro para a Neutralidade de Carbono (RNC) onde se define as metas e as
ações que vão permitir a Portugal atingir em 2050 os objetivos do Acordo de
Paris assinado há 3 anos, onde os países signatários definem como prioritário
supra nacional a definição de políticas para suster o aquecimento global, que
tantos danos já está a causar através das alterações climáticas.
Estes objetivos resumem-se a não deixar que a temperatura da Terra
aumente mais de 1.5º C até 2050. Compete a cada país definir o que fazer, como
fazer e o calendário para o conseguir.
Foi isto que agora foi apresentado para
Portugal. Foi um passo importante pois não é comum termos objetivos, políticas
e medidas a tão longo prazo, desta vez a 30 anos.
Certamente o Roteiro
agora traçado não é perfeito nem é completo, vai haver espaço para correções e
ajustes, mas é claro no que se pretende, e acima de tudo está baseado numa
sólida e longa análise e modelação de uma equipa que ouviu os vários atores que
vão ser chamados a intervir. Foi a pensar nisto que me surgiu a ideia que aqui
partilho de que este RNC tem muitas semelhanças com todo o trabalho que está
por detrás da seleção nacional de futebol (SNF).
Ora vejamos: o Presidente da Federação
Portuguesa de Futebol, que é o responsável máximo da SNF, escolhe o
selecionador que por sua vez escolhe os jogadores e define a estratégia e a
tática a usar em cada jogo com o objetivo de vencermos os diferentes
campeonatos que a SNF disputa. Estes campeonatos são o da Europa e o Mundial,
que se vão alternando cada dois anos.
Ora para o RNC o “Presidente da
Federação” é o Governo na pessoa do ministro do Ambiente e Transição
Energética, que por sua vez escolheu os seus “selecionadores”, que são os seus
Secretários de Estado, que por sua vez têm de definir a estratégia e tática
para todos os seus “jogadores” que somos todos nós, os portugueses. Sim, para o
RNC os jogadores somos todos os portugueses, e que são os residentes em Portugal,
sejam eles as pessoas individuais, as empresas atuando em Portugal e todos os
organismos e coletividades portugueses.
Muitas vezes na SNF discordamos da
escolha ter recaído no jogador A ou B, da tática em determinado jogo, mas uma
coisa é certa - todos torcemos para que alcance a vitória. Pois para o RNC não
podemos discordar da escolha dos jogadores, pois esses somos todos nós,
cabe-nos agora lutar por implementar a estratégia e as ações para vencermos o
“campeonato da neutralidade carbónica”, que vai ser um campeonato longo, 30
anos, e difícil, mas no final a vitória há de ser nossa, de Portugal e do
Mundo.
Unamo-nos todos em todos em torno deste objetivo, trabalhemos para
alcançarmos cada uma das pequenas metas parciais (os jogos), pois só assim
venceremos. Eu lá estarei na linha da frente. Vamos a isso Portugal.
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