segunda-feira, 26 de outubro de 2009

OPINIÃO (VII)




A direita e a proto-direita (leia-se: linha maioritária do Partido de Sócrates) têm um ódio mortal ao Bloco de Esquerda. Não é caso para menos pois o BE é a oposição mais forte à política de Sócrates. Logo na noite de 27 de Setembro, quando se consumou uma retumbante vitória bloquista – uma cabazada – os porta-vozes do regime começaram a desvalorizar esse resultado, ao mesmo tempo que faziam uma crítica velada aos eleitores, tendo por base a circunstância de, por toda a Europa, quase não haver governos com apoio minoritário no Parlamento. Houve menos loas do que é costume ao bom senso do povo português porque a maioria dos eleitores não se deixou enredar na máquina de propaganda tão astuciosamente montada.

Perante os resultados das autárquicas, os mesmos sujeitos apressaram-se logo a compará-los com os das europeias e das legislativas e, fazendo dos desejos realidade, rapidamente, concluíram que os portugueses tinham retirado a confiança no Bloco de Esquerda. Mas – gato escondido com o rabo de fora – continuaram na sua campanha anti-BE, como se não tivesse havido autárquicas. Ou seja, o que atiram da boca para fora, não corresponde ao que vai no seu pensamento – continuam, realmente, a temer o Bloco.

Um exemplo do afã em denegrir as verdadeiras intenções do BE e alarmar as populações veio expresso num artigo de opinião do prof. Amaral Dias inserido no Diário de Coimbra de 22 de Outubro último.

É claramente falso que o Bloco tenha redesenhado a sua estratégia depois dos resultados das autárquicas que, ficando aquém do que se esperaria, não foram aquilo que o autor do artigo pretende fazer crer. Na campanha para as legislativas o Bloco não propôs medidas económicas radicais “ que, no caso de serem aprovadas liquidariam, a curto prazo, a já débil estrutura económico-social portuguesa”. Nem sequer a situação existente em Portugal tem, apenas, a ver com a crise internacional. Como já tem sido repetidamente afirmado, teve lugar uma crise em cima de outra crise. Por que será que, desde há muitos anos, quer com governos de direita ou do PS, por exemplo, o desemprego tem vindo sempre a aumentar, mesmo no tempo das vacas gordas? Nessa altura ainda não existiam os desmancha-prazeres bloquistas a estorvar o trabalho dos governos com “causas pouco oportunas” como o que acontece agora com os direitos dos homossexuais ou anteriormente com a interrupção voluntária da gravidez.

Se é verdade que há problemas candentes a resolver no país, isso não implica que outros vão ficando para trás, por falta de vontade de cumprir promessas eleitorais, que são de solução simples e têm a ver com a melhoria das condições de vida das pessoas. É para isto que serve a política.

O Bloco de Esquerda tem o enorme defeito de cumprir as suas promessas eleitorais e de fazer cumprir as daqueles que, se esquecem delas logo que são encerradas as urnas de voto…

Luís Moleiro, aderente do BE

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