terça-feira, 6 de outubro de 2009

Os democratas que nós temos

OPINIÃO (V) 

 

Quando uma empresa de sondagens ou qualquer outra entidade quer testar a confiança que os eleitores têm em determinado político costuma pergunta-lhes se eram capazes de comprar um carro em segunda mão a esse político.

Acontece que, em muitos casos, há que distinguir a mesma pessoa como cidadã e como política. Alguns políticos, no exercício dos seus cargos tomam atitudes que reprovariam a qualquer cidadão. O exercício prolongado do poder transtorna as pessoas e leva-as a tomar posições, à partida, impensáveis.

Quase não quis acreditar que o presidente e candidato do PS à CMP nas eleições autárquicas do próximo dia 11 de Outubro pretendia usufruir de um tempo de antena igual à soma dos tempos dos outros candidatos todos, num debate que se realizou numa rádio local. Obviamente tal exigência foi-lhe negada e ele recusou comparecer. Qual seria o comentário do cidadão Manuel da Luz perante uma situação destas numa autarquia de outra cor partidária diferente da sua? E, se fosse na Madeira? Ou na Venezuela de Hugo Chavez?

Por isto e só por isto o PS deveria, não só perder a maioria absoluta mas ser derrotado nas próximas eleições autárquicas.

Para além de uma gritante falta de cultura democrática, há também, neste caso, um receio enorme do confronto com uma realidade cada vez menos favorável ao partido da maioria na CMP. Quem deve muitas explicações ao eleitorado teme ser colocado perante a inevitabilidade de ter de explicar o inexplicável. Afinal, chega-se à conclusão que o que é dito pela cidade, à boca fechada, deve ser apenas a ponta do iceberg…

   

Luís Moleiro Santos, aderente do BE

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