A derrota do Bloco de Esquerda nas eleições autárquicas comprova o que os críticos internos (nomeadamentes as moções "B" e "C" nas 2 últimas convenções) dizem há anos: que o partido tem centrado a sua actuação no grupo parlamentar e não se tem preocupado em construir uma base de militantes.
Assim, nas eleições autárquicas, em que interessa ter pessoal no terreno e não apenas popularidade genérica derivada de algumas figuras que aparecem na televisão, os resultados vão abaixo.
No fundo, o BE está a funcionar como um CDS-de-esquerda: um partido de quadros, de personalidades com algum prestigio dentro dos seus nichos respectivos, mas com poucos militantes e com o apoio eleitoral muito dependente do carisma do líder.
Mesmo as candidaturas para Lisboa e Porto condizem com este padrão: não haveria mais ninguém para ser candidato além dos deputados Luis Fazenda e João Teixeira Lopes? Note-se que não estou a dizer que outros candidatos teriam tido melhores resultados - provavelmente teriam tido ainda piores. Mas imagine-se que o partido tinha candidatado um militante das estruturas locais - mesmo que (devido ao desconhecimento) ele tivesse agora poucos votos, daqui a quatro anos ele já seria conhecido, logo já poderia ser um potencial bom candidato.
Finalmente, tudo isto não deixa de ser um triste e irónica evolução: afinal, há uns anos atrás, a UDP e o PSR andavam a defender o "poder popular de base" contra a "democracia parlamentar"; agora o BE tem muitos parlamentares, mas as bases estão fraquinhas...
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