terça-feira, 27 de outubro de 2009

Procura-se. Justiça Social e económica




Quarenta mil idosos passam fome em Portugal


Pelo menos 40 mil idosos portugueses não têm capacidade financeira para comprar alimentos, concluiu um inquérito realizado pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco). De acordo com o mesmo estudo, o custo dos produtos alimentares é ainda uma das razões para que não consumam refeições mais saudáveis.
O estudo, realizado entre Fevereiro e Março através de um questionário a que responderam 3400 idosos, com idades entre os 65 e 79 anos, e que será publicado na edição de Novembro da revista Proteste, concluiu que “o preço é o factor que mais decide a escolha” dos alimentos para 64 por cento dos inquiridos, seguindo-se o sabor e a qualidade dos alimentos.

Ainda de acordo com os inquiridos, 76 por cento dos portugueses têm “hábitos alimentares pouco saudáveis, os quais pioram com o avançar da idade”, enquanto cerca de um quarto dos afirmou ter uma alimentação saudável. A “difícil situação económica e a falta de autonomia influenciam de forma negativa o que se come: mais de um quinto dos inquiridos indicou ter dificuldades financeiras”, acrescenta a Deco.

Os autores da investigação apuraram mesmo que três por cento dos inquiridos passou fome na semana anterior a responderem a estas perguntas. Entre os motivos que os idosos apresentam para comer mal estão os problemas dentários (35 por cento), as dificuldades económicas (24 por cento), a falta de apetite (13 por cento) e os medicamentos (12 por cento).


Partindo do princípio que uma dieta equilibrada e saudável precisa de refeições sem mais de quatro horas de intervalo, o inquérito apurou que apenas cinco por cento dos idosos seguem esta norma. Sete por cento dos inquiridos não tomam o pequeno-almoço e, em média, os idosos fazem quatro refeições diárias, o que “é pouco”. As regiões do Norte, Centro e Alentejo são as que têm mais inquiridos a “comer mal”.

No que diz respeito aos alimentos, o estudo apurou uma preferência pela carne em detrimento do peixe, uma opção “pouco saudável”. “O custo do peixe é um dos factores que explica esta opção”, lê-se no estudo.

O inquérito revela ainda que, principalmente nos homens, os idosos bebem mais álcool do que deviam: mais de dois copos por dia, o que “é excessivo”. Também em demasia se encontra o consumo de doces, já que 70 por cento indicaram que os comem, pelo menos, duas vezes por dia.

Este estudo foi realizado a propósito do Dia Internacional dos Idosos, que se assinala quarta-feira.

Maioria dos portugueses tem dificuldade em viver com rendimento mensal


Mais de metade dos portugueses (62 por cento) reconhecem ter alguma dificuldade em viver com o rendimento doméstico mensal, a que se juntam 15 por cento que dizem ser difícil, segundo um Eurobarómetro hoje divulgado em Bruxelas.

O inquérito Eurobarómetro sobre pobreza e exclusão social, elaborado no âmbito do Ano Europeu contra a Pobreza, 2010, revela ainda que 21 por cento dos portugueses dizem que chegam facilmente ao fim do mês.

Portugal está acima da média dos 27 países da UE nos dois primeiros campos (56 e 12 por cento, respectivamente) e abaixo no terceiro (30 por cento).

Por outro lado, em Portugal, 88 por cento dos inquiridos consideram que a pobreza é generalizada, contra 12 por cento, acima da média europeia (73 por cento e 25 por cento).

Em números gerais, já sem avaliação por país, o estudo mostra que nove em cada dez europeus (87 por cento) crêem que a pobreza é um obstáculo ao acesso a uma habitação condigna, oito em cada dez acham que limita o acesso ao ensino superior ou a educação de adultos e 74 por cento consideram que reduz as possibilidades de encontrar um emprego.

A maioria dos europeus (60 por cento) acredita que afecta também o acesso a um ensino básico de qualidade e 54 por cento pensam que a capacidade de manter uma rede de amigos e conhecidos é limitada pela pobreza.


Em média, nove em cada dez (89 por cento) europeus afirmam ser necessária e urgente a acção dos governos nacionais contra a pobreza.

O inquérito Eurobarómetro foi realizado entre 28 de Agosto e 17 de Setembro de 2009.

No conjunto, foram entrevistados presencialmente quase 27 mil cidadãos em todos os Estados-Membros da UE, seleccionados de forma aleatória.

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