quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Peritos reconhecem que precariedade sai mais barata às empresas

Mayday de 2009. Foto de Paulete Matos
O uso de falsos recibos verdes continua a sair mais barato às empresas do que contratar os trabalhadores, mesmo à luz do novo regime de descontos para a Segurança Social - que o governo apresentou como um desincentivo ao uso de precários. Segundo o jornal Público, esta conclusão foi apresentada por um dos peritos da firma de advogados PLMJ num seminário, no mesmo dia em que as empresas de trabalho temporário previram um aumento de receitas em 2009.

Joana Lança, da PLMJ (A.M. Pereira, Saragga Leal, Oliveira Martins, Júdice e Associados) referiu que os aumentos de encargos previstos no novo Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social representavam um "desincentivo à contratação" (e não um incentivo, como dizia o governo), dado que os encargos com os prestadores de serviços são bastante mais reduzidos.

O decreto-lei 110/2009 estabelece uma redução de um ponto percentual nos encargos sociais das empresas para com os contratados sem termo, por um lado, e o agravamento em três pontos percentuais dos descontos sociais da entidade patronal sobre as remunerações dos contratados a prazo; cria ainda uma taxa de 5% sobre o valor do recibo verde.

Na altura, representantes dos precários e dos sindicatos disseram que a medida era um passo atrás nos direitos laborais, considerando que franqueava portas aos recibos verdes, promovia e legitimava a precariedade.

Agora são os próprios "conselheiros" das empresas que apontam precisamente para o uso dos "recibos verdes" como forma de reduzir os encargos sociais.

E o que é facto é que as empresas de trabalho temporário continuam a ver subir as suas receitas.

Segundo o presidente da Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado de Emprego (APESPE), Marcelino Pena Costa, que é também presidente da Manpower, as empresas prevêem um aumento de receitas em 2009, apesar do aumento do desemprego: "Se temos uma quebra de emprego e, simultaneamente, um acréscimo de receita, significa que estamos a falar de emprego mais qualificado", justificou à agência Lusa.

Para Pena Costa, "com os investidores e os empresários a demonstrarem algum regresso à confiança, os primeiros a serem despedidos, que foram os trabalhadores temporários, serão certamente agora os primeiros a ser contratados".

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