Finalmente ficámos a saber que uma bruxa malvada que atormentou a vida dos professores durante os últimos quatro anos voltou, finalmente, para a sua casa dos horrores. Não se sabe o que aí vem mas, pelo menos, por uns dias, cantamos vitória. Corremos com a bruxa.
Numa espécie de comemoração, aqui segue um retrato sobre a cada vez mais difícil condição de professor, tecido pelo conhecido humorista brasileiro Jô Soares e que hoje vinha inserido num artigo de opinião publicado no Diário de Coimbra:
SER PROFESSOR
O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência. É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado. Tem automóvel, chora de “barriga cheia”.
Fala em voz alta, vive gritando. Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um “adesivo”. Precisa faltar, é um “turista”.
Conversa com os outros professores, está malhando nos alunos. Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno. Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado. Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso. Não chama a atenção, não se sabe impor.
A prova é longa, não dá tempo. A prova é curta, tira as hipóteses do aluno.
Escreve muito, não explica. Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala correctamente, ninguém entende. Fala “língua” do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude. Elogia, é debochado.
O aluno é retido, é perseguição. O aluno é aprovado, deitou “água benta”.
É! O professor está sempre errado, mas se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele.
Recolha efectuada por Luís Moleiro
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