segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Agências de Rating: A Goldman Sachs permitiu ocultar crise grega



Wall Street agravou crise da Grécia
Tácticas utilizadas por Wall Street, como as que fomentaram a crise das subprime nos Estados Unidos, contribuíram para agravar a crise na Grécia e prejudicaram o euro, garantiu o The New York Times

O diário, baseando-se em entrevistas, relatórios e documentos a que teve acesso, noticia que no caso da Grécia, Atenas incorreu durante uma década, com a ajuda de Wall Street, em práticas que lhe permitiram iludir os limites da dívida estabelecidos por Bruxelas.

Concretamente, uma transacção promovida pelo banco de investimento Goldman Sachs permitiu à Grécia ocultar às autoridades supervisoras de Bruxelas uma dívida de milhares de milhões de euros, refere o jornal.

Mesmo quando a crise fiscal da Grécia estava no ponto máximo, numa situação sem retorno, bancos de Wall Street procuravam mecanismos para ajudar aquele país a evitar perguntas incómodas da parte de Bruxelas e dos Estados da zona euro.

De facto, em princípios de Novembro, três meses antes de Atenas se transformar no epicentro da preocupação global devido à má situação das suas contas públicas, uma equipa do Goldman Sachs chegou à capital grega levando uma proposta «muito moderna» para governos com problemas em fazer frente aos seus gastos, de acordo com duas pessoas que foram informadas do encontro, noticia o New York Times.

Os banqueiros, liderados pelo presidente do Goldman, Gary Cohn, ofereceram à Grécia um produto financeiro que permitiria ao país redistribuir parte da dívida do sistema de Saúde, de forma a só ter de a enfrentar muito mais tarde.

O New York Times compara este método ao aplicado por cidadãos com problemas económicos que hipotecam as casas para poder pagar as contas dos cartões de crédito.

A táctica sugerida pelo Goldman já tinha funcionado em 2001, pouco depois da Grécia ter sido aceite na zona euro. Na altura, o banco apresentou uma estratégia segundo a qual Atenas pode tomar de empréstimo milhares de milhões de euros, sem ultrapassar os limites fixados por Bruxelas, destaca o jornal de Nova Iorque.

A transacção, que não veio a público porque foi qualificada como uma intermediação de divisas e não como um empréstimo, permitiu à Grécia as normas de Bruxelas, continuando a gastar mais do que tinha, adianta o diário.

Atenas não aceitou a última proposta do Goldman, mas face à crise de credibilidade da Grécia devido à má situação das suas contas públicas, o papel de Wall Street no «mais recente drama financeiro mundial» suscita questões sérias, na opinião do jornal.

Tal como na crise das subprime (hipotecas de alto risco) nos Estados Unidos e o colapso e posterior resgate da seguradora American International Group (AIG), produtos financeiros tiveram um papel fundamental na fase prévia da crise da dívida da Grécia, recorda o diário.

Instrumentos desenvolvidos por Goldman, JPMorgan Chase e outros bancos permitiram a Governos europeus ocultar os empréstimos adicionais que faziam, como aconteceu na Grécia e Itália e provavelmente em outros países, escreve ainda o New York Times.

Sem comentários:

Enviar um comentário