O líder parlamentar do Bloco de Esquerda classificou hoje de “episódio incendiário” a providência cautelar interposta para impedir o jornal Sol de publicar mais notícias sobre as escutas do processo Face Oculta, insistindo na necessidade de esclarecimentos do Governo.
José Manuel Pureza foi o primeiro dirigente político a abordar no plenário da Assembleia da República a notícia da providência cautelar interposta contra o jornal Sol, conhecida hoje ao início da tarde, durante a sua intervenção no encerramento do debate sobre o Orçamento do Estado.
“Perante o episódio incendiário de hoje, quero reafirmar ao Parlamento que o Bloco de Esquerda mantém como sempre a mesma atitude de separação entre a justiça e a política e de procurar aqui mesmo – que é o local próprio para a fiscalização dos actos do governo – todo o esclarecimento que é devido ao país para que não reste nenhuma dúvida”, afirmou o presidente da bancada do Bloco.
O BE propôs a criação de uma comissão de inquérito parlamentar para averiguar as relações entre o Estado e a comunicação social.
Para Pureza, “derrotismo seria no dia de hoje ignorar o clima de desagregação, de confusões judiciárias, e sobretudo de recusa persistente de esclarecimento acerca de todas as dúvidas legítimas sobre como se portou o Estado e o Governo em relação à operação de compra da TVI e à eventual tentativa de condicionar a sua linha editorial”.
Uma providência cautelar contra o Sol foi interposta por Rui Pedro Soares, administrador executivo da PT, visando a não publicação de mais notícias sobre escutas que o envolvem, no âmbito do processo Face Oculta, disse à Lusa fonte ligada ao processo.
Na sexta feira passada, o semanário transcreveu extractos do despacho do juiz de Aveiro responsável pelo caso Face Oculta em que este considera haver “indícios muito fortes da existência de um plano”, envolvendo o primeiro ministro, José Sócrates, para controlar a estação de televisão TVI. Do despacho constam transcrições de escutas telefónicas envolvendo Armando Vara, então administrador do BCP, Paulo Penedos, assessor jurídico da PT, e Rui Pedro Soares.
No âmbito deste processo, que investiga alegados casos de corrupção e outros crimes económicos relacionados com empresas privadas e do sector empresarial do Estado, foram constituídos 18 arguidos
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