A rede tentacular dos Abrantes socráticos e a "conversa do descalabro orçamental"
Nota prévia: todo o material citado abaixo está disponível a quem me pedir para o mail do blogue. Adicionalmente, estou totalmente seguro ao escrever isto, porque quando muito passarei por ingénuo, ao ter acreditado que os documentos vinham do PS. Ninguém encontra um único texto meu que faça uso dos documentos abaixo citados. Pode haver quem encare isto com normalidade. Eu recuso-me a aceitar que o que digo abaixo seja a forma normal de fazer política, misturando o partido, o candidato a deputado, assessores, ministros e mais não sei quem num fluxo de desinformação.
O Carlos Guimarães Pinto diz-nos que há assessores governativos anónimos. Que injustiça. O conceito de "Abrantes" é muito mais abrangente do que a Câmara Corporativa. Abarca uma gama de funcionários e avençados que presta assessoria em Gabinetes e produz documentos que antes e depois das eleições circulavam para difusão propagandística. Eram anónimos? Até se saber o nome. Pronto, está bem, não se chamavam Abrantes. Mas tendo o outro dia sido desafiado a revelar quem era o Abrantes, prefiro basear-me num mail que recebi a 6 de Agosto, do actual deputado João Galamba, no tempo do Simplex, forward de um mail que ele tinha recebido de um assessor do então Ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva. Por sua vez reencaminhado do Tiago Antunes, actuamente chefe de gabinete do Secretário de Estado Adjunto do Primeiro Ministro, Almeida Ribeiro, que o reencaminhava do assessor económico do Primeiro Ministro Óscar Gaspar, actualmente Secretário de Estado da Saúde. Rede tentacular?
Para que serve o mail? Para informar o candidato a deputado, colocado em lugar elegível, ao que julgo pela quota do Secretário Geral, de que o documento que vinha anexo "Era bom para responder à conversa do descalabro orçamental". Responder onde? No blogue de apoio ao PS que o candidato a deputado tinha ajudado a criar. Ilícito? Nenhum! Ilícito revelar? De maneira nenhuma, o Galamba enviou-me isto. Mas, talvez menos ético, não sei o blog de apoio a um partido numas eleições ser alimentado por informação do governo, que passa do assessor económico do PM, para outro da hierarquia, até ao do Santos Silva, que o envia a um candidato a deputado. É para isto que pagamos impostos que remuneram assessores governativos? E podem estas coisas suceder sem conhecimento do PM? Ademais, a maior parta dos documentos, noutros mails recebidos pelo jovem deputado, vêm de software licenciado ao Ring (Rede Informática do Governo).
Does it matter? E, por fim, são documentos de um rigor impressionante. No tal documento onde o assessor de Santos Silva diz "Esta é boa para responder à conversa do descalabro orçamental", reitero, à "conversa", pode ler-se um trecho que demonstra quão visionário era o assessor económico do PM e actual Secretário de Estado:
" A dívida pública de Portugal não foi especialmente abalada pela crise internacional, como se comprova pela evolução recente dos seus spreads face à dívida alemã, e foi possível repercutir a redução da euribor nas condições de crédito domésticas."
Isto é um Abrantes que mereceu a promoção. Viu a Euribor a descer e julgou que os bancos não estavam a alargar os spreads. E considera, que a dívida pública portuguesa não foi especialmente abalada: embora tenha passado para cerca de 84% do PIB, se não considerarmos o Sector Empresarial do Estado. Mas ainda assim....não anda o PM a dizer que a culpa é da crise??
E agora, Abrantes? Querem que se diga quem mais enviou informação ao candidato a deputado? Há mais secretários de estado, chefes de gabinete e afins. Mas o que eu gostava mesmo de saber é afinal com quem jantou o Eduardo Pitta
Carlos Santos, 14 de Fevereiro de 2010
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Um post misteriosamente desaparecido do blogue A Regra do Jogo
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