terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A mama deste Leite


Habituei-me a ver Leite Pereira, o eternizado director do JN, que nenhuma a avaliação credível apeia da função, apesar de o produto que dirige não vender nada bem, como uma espécie de troglodita das letras e das ideias, sempre pronto a tomar o partido do lugar-comum, da banalidade e da falta de seriedade das políticas. Foi assim com Maria de Lurdes Rodrigues e é assim sempre que ao som da campainha vem associado o nome de Sócrates, num caso típico de reflexologia jornalística e opinativa.
Leite Pereira teve dúvidas sobre a veracidade daquilo que é relatado numa crónica de opinião, escrita por um prestigiado colaborador do seu jornal (imaginem-se, pois, as dúvidas e as angústias deste homem com a veracidade das notícias que o seu jornal publica acerca de tanta exaltação de um socratismo absolutamente medíocre), embora em qualquer jornal livre do mundo ter-se-ia aproveitado e explorado a "caixa" jornalística que a crónica introduzia. Pois, é isto que dá projecção e vende, além de conferir uma marca de independência e de transparência que, a partir de agora, o JN perdeu irremediavelmente.
E porque é que Leite Pereira teve dúvidas e não aproveitou a "caixa" jornalística?
Porque a situação relatada é tão inverosímil e tão pouco credível, como o foram os casos Manuela Moura Guedes, José Eduardo Moniz, José Manuel Fernandes, Teresa Dias Mendes, Marcelo Rebelo de Sousa ou as pretensas conversas apanhadas nas escutas que ninguém teve a coragem de valorizar judicialmente ou, então, divulgar. Que mania esta das inventonas acerca das interferências desavergonhadas e nojentas de Sócrates na liberdade de expressão e de imprensa. Ainda há quem se atreva a pensar (primeiro sintoma de demência, a carecer de internamento psiquiátrico) que Sócrates e o seu grupelho de indefectíveis seguidores se substituem aos tribunais.
O problema aqui é que se corria o risco de desagradar a Sócrates e de secar o financiamento institucional, ou seja, a mama donde jorra este Leite.
De facto, este jornal, que outrora foi uma referência, não vende e agora percebe-se porquê, bem como se adivinha que cada vez venderá menos, não por culpa de alguns dos seus abnegados e valiosos jornalistas (registo, a título de exemplo, o rigor com que a jornalista Alexandra Inácio tem abordado as questões da luta dos professores), mas por responsabilidade do acorrentamento ideológico do seu director, que transformou o JN num dos mais destacados pasquins da caserna socrática, no que aparece bem acompanhado pelo DN do Marcelino e pela televisão pública.
Porque àqueles que se encostam e encobrem essa miséria política e moral a que se chama socratismo, ninguém os cala.
Talvez, um dia o Leite azede e tresande insuportavelmente a nojo.
Publicada por Octávio V Gonçalves

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