Sócrates é o nosso maior problema
Este Governo é cobarde ou irresponsável: está a preparar-se para fugir, ou está a fazer uma política de “terra queimada” para provocar eleições antecipadas já este ano.
Ontem, quando soube que Teixeira dos Santos ia fazer uma comunicação ao país, fiquei assustado. Mas “assustado” num bom sentido. Ou seja, pensei que teríamos finalmente um momento sério na política portuguesa. Perante as indicações que os mercados estavam a dar (basicamente, os mercados disseram que “vocês, portugueses, são crianças que não se sabem comportar à mesa de uma economia séria, por isso, acabou a festa”), pensei que o ministro ia falar ao país sobre assuntos sérios: como travar a dívida, como devíamos mudar de vida para conseguirmos, em conjunto, travar a dívida. Fui ingénuo.
Afinal, a comunicação do ministro abordou a farsa das Finanças Regionais. Este caso é uma farsa. Este caso é só um pretexto para José Sócrates criar uma crise artificial no país. Reparem numa coisa: o aumento da dívida pública em 2009 foi de 15.000 milhões de euros. O aumento previsto para 2010 é de 13.000. As finanças regionais representam… 100 milhões. Isto é uma farsa. Uma tempestade num copo de água destinado a criar uma crise política grave.
E por que razão o Governo quer esta crise política? Há duas hipóteses de resposta. Primeira hipótese, a hipótese da cobardia: este Governo, à semelhança de Guterres, quer fugir. A incompetência do Governo criou um pântano, e agora o mesmo Governo quer deixar a gestão do pântano a outros desgraçados. Segunda hipótese, a hipótese da irresponsabilidade: o Governo quer provocar eleições antecipadas já este ano. O Governo acha que somos todos idiotas, e quer encontrar uma nova maioria absoluta.
Como dizia Paulo Rangel, são estas as razões que levam Sócrates a desejar eleições antecipadas já este ano: (1) não quer dar tempo à nova direcção do PSD; (2) em 2011, a contestação social será maior; (3) Alegre e Cavaco não são candidatos de Sócrates, logo, o “efeito presidenciais” será sempre negativo para Sócrates.
Sócrates é incapaz de governar uma democracia madura, assente no compromisso. Sócrates só é capaz de impor a sua vontade de forma autoritária. Num dia negro para o país, Sócrates engendrou um teatro político destinado apenas a servir a sua sede de poder. Sócrates, meu caro leitor, é o nosso maior problema.
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