Já todos sabemos que, para
este Governo de um Estado de Direito, a lei constitui uma força de bloqueio. A
própria Constituição da República sofre tratos de polé e não fosse a atenção e
isenção do Tribunal Constitucional já há muito que a lei fundamental teria
passado a letra morta.
Na procura de meios de
propaganda que denegrissem os professores perante a generalidade da população,
Nuno Crato, obviamente com o apoio do Primeiro-Ministro, lançou mão de todos os
meios que lhe permitissem cantar vitória perante a greve de ontem. Porém, o
resultado foi exactamente o contrário, colocando contra ele pais e alunos.
Sabemos hoje com mais pormenor as ilegalidades cometidas em muitos casos para
que se realizasse o maior número possível de exames já que o número é o que
mais conta para a propaganda. Mesmo assim, cerca de um terço dos alunos não
realizou a prova de Português do 12º ano.
Socorrendo-nos do Público
(edição impressa) eis algumas das ilegalidades detectadas durante a realização
da prova o que, só por si mostra ao que levou a desorientação que reina neste
Governo, para o qual todos os meios são bons para impor o seu autoritarismo:
Telemóveis Os telemóveis tocaram em várias
salas de exame. Alguns estariam na posse de professores vigilantes. As regras
de exame determinam que a posse de telemóvel implica a anulação da prova.
Ocupações
Houve alunos que invadiram salas
onde estavam a decorrer exames e que viram o enunciado, voltando a sair de
seguida.
Portas
fechadas Pelo menos numa
escola os exames foram realizados à porta fechada, o que vai contra as normas.
Horário
desrespeitado Em
várias escolas houve salas em que o exame começou depois das 9h30, hora para a
qual estava marcado, situação normalmente interdita nestas provas.
Exames
em ginásios e refeitórios Há
relatos de alunos concentrados em ginásios ou refeitórios, quando o máximo por
sala de exame não pode exceder os 15 e apenas um por carteira.
Protestos Em escolas invadidas por alunos
que não realizaram exame, os que estavam a fazer a prova foram obrigados a
prosseguir apesar das canções e dos protestos entoados nos corredores.
Vigilância
Estiveram em vigilância de provas
pessoas que não eram professores.
Professores
coadjuvantes
Houve provas em escolas onde não estiveram ao serviço professores coadjuvantes,
a quem compete nas escolas o contacto com o Gabinete de Avaliação Educacional e
o Júri Nacional e Exames com vista ao esclarecimento de dúvidas ou problemas
que surjam.
A
acção do Governo na greve de ontem ultrapassou, no pior sentido, tudo o que
seríamos capazes de imaginar mas constitui um alerta para o que aí poderá vir.
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