quinta-feira, 20 de junho de 2013

SUBITAMENTE NO BRASIL...



Com a chegada ao poder de Lula da Silva e depois com a eleição de Dilma, o Brasil avançou no sentido de se tornar uma potência global. A comunicação social vinha a fazer eco do grande desenvolvimento económico que está a ter lugar no maior país de língua portuguesa. Mas eis que…

É com enorme surpresa que temos vindo a assistir desde há cerca de uma semana a manifestações em muitas cidades brasileiras que trouxeram para a rua centenas de milhares de pessoas. A faísca que fez despoletar a revolta social tem a ver com um aumento das tarifas dos transportes mas, ninguém que esteja atento acredita que apenas uma situação destas leve a tamanha contestação. É certo e sabido que questões muito mais profundas estão na sua base.

São exactamente essas questões que o prof. Boaventura Sousa Santos aflora no texto que hoje assina no Público. Vale a pena lê-lo para ficarmos com uma ideia mais clara sobre o que se está a passar.

Beneficiando de uma boa imagem pública internacional granjeada pelo Presidente Lula e as suas políticas de inclusão social, este Brasil desenvolvimentista impôs-se ao mundo como uma potência de tipo novo, benévola e inclusiva. Não podia, pois, ser maior a surpresa internacional perante as manifestações que na última semana levaram para a rua centenas de milhares de pessoas nas principais cidades do país. Enquanto perante as recentes manifestações na Turquia foi imediata a leitura sobre as "duas Turquias", no caso do Brasil foi mais difícil reconhecer a existência de "dois Brasis". Mas ela aí está aos olhos de todos. A dificuldade em reconhecê-la reside na própria natureza do "outro Brasil", um Brasil furtivo a análises simplistas. Esse Brasil é feito de três narrativas e temporalidades.

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