Nem mais, cada cavadela cada minhoca. Tudo
está a sair ao contrário das previsões do Governo mas esse facto não se mostra
suficiente para que as chefias do executivo arrepiem caminho em relação ao rumo
que o país está a tomar. Depois de uma brutal diminuição das remunerações dos
trabalhadores supostamente a bem da produtividade, verifica-se que esta não
está a aumentar como é afirmado no boletim de Outono do Banco de Portugal. A receita
da troika, é uma redução ainda maior dos salários talvez até ao nível da Índia,
do Paquistão, da China, do Bangladesh, etc... Por este caminho, não demoraremos
muito a lá chegar. De qualquer maneira, a verdade é que, mesmo em clima de recessão,
está-se a assistir a uma redução acelerada dos rendimentos do trabalho em favor
dos lucros das empresas. É esta a conclusão a que chega Nicolau Santos numa curta reflexão que apresenta no Expresso
Economia de sábado (12/10).
O boletim de Outono do Banco
de Portugal deixa um aviso que merece reflexão: as reduções nominais das
remunerações dos trabalhadores podem ter um impacto negativo na produtividade. O
caso é mais relevante porque pelo menos 55% dos trabalhadores por conta de
outrem viram os seus salários congelados ou cortados em 2012 e 2013; porque a
rotação de 776 mil trabalhadores, com a saída dos mais bem pagos substituídos
por outros, permitiu que, em média, estes ganhassem menos 11%; e porque esta
tendência está a permitir às empresas reequilibrar os seus balanços, devido ao
alargamento das margens de lucro agregada. Ora se os custos do trabalho baixam,
a produtividade deveria aumentar. Mas isso não está a acontecer – porque há
capacidade instalada subutilizada, porque não há necessidade de investimento; e
porque não há aposta na inovação neste momento. Ou seja, mesmo numa recessão há
quem ganhe e quem perca. Nesta ganham os lucros em detrimento dos salários – e da
produtividade.
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