O crescimento exponencial da abstenção em
eleições é a demonstração mais evidente do desencanto das populações perante a
acção dos governantes em que deixaram de acreditar.
O Governo Passos/Portas tem dado um
contributo decisivo para o descrédito da acção política alheando-se
completamente de falar verdade aos portugueses. O rol de mentiras propaladas na
campanha eleitoral para as legislativas de 2011 é por demais conhecido mas,
apesar da sua sistemática denúncia, não houve qualquer correcção de rumo o que
leva ao desespero das pessoas e ao seu desinteresse perante actos de
intervenção cívica como é o caso das eleições.
Uma semana depois de cair o pano sobre as
autárquicas de 2013, com as polémicas que as acompanharam, em especial, no que
diz respeito às recandidaturas dos chamados dinossauros autárquicos, muitas
vozes se levantam para tentar explicar o brutal crescimento da abstenção, mesmo
em eleições locais.
Se juntarmos à ausência dos eleitores à
votação o crescimento dos votos brancos e nulos (evidência de que nenhum dos
candidatos merece a confiança dos eleitores), obtemos a nível nacional um valor
significativamente superior a 50%. Quer isto dizer que bastante mais de metade
dos eleitores portugueses está descrente e acha que o seu voto não dá qualquer
contributo para a possibilidade de uma vida melhor no actual quadro político.
É óbvio que, para esta descrença têm
contribuído de forma determinante os partidos do arco da desgraça (PS, PSD e
CDS) e os poderes que formatam as opiniões públicas. Estes (leia-se grande
parte da comunicação social pejada de comentadores da área do poder) produzem
uma barragem de argumentos, quase sem contraditório, no sentido de convencerem
a opinião pública de que as alternativas propostas são utópicas e irresponsáveis
e, por isso, as populações sentem cada vez mais o voto como um gesto que não mudará
nada de essencial.
Relativamente a Portimão, afinal, o
objectivo inicial deste texto, fazendo uma análise mais fina às manifestações
de desinteresse dos eleitores pelas diversas candidaturas, podemos constatar
facilmente os seguintes pontos:
- Os votos brancos e nulos atingem quase 10% da votação.
- A abstenção atingiu 57,61%, um valor elevadíssimo e muito superior à média nacional de 47,39%.
- Tendo em atenção o número de eleitores inscritos nos cadernos eleitorais de Portimão (46478) verifica-se que 28734 (62%) mostraram a sua indiferença perante a oportunidade de indicarem a sua preferência para o governo do concelho nos próximos 4 anos.
Para este elevadíssimo desinteresse
manifestado pelos eleitores de Portimão, terão contribuído, particularmente, a
acção do PS na autarquia, causadora de uma dívida astronómica e as suspeitas de
corrupção vindas a público, assim como, a acção do Governo da República e dos
partidos que lhe estão associados – PSD e CDS.
O Bloco de Esquerda foi, sem sombra de
dúvida, a força política de Portimão que mais esforços terá desenvolvido para
evitar o afastamento dos eleitores das mesas de voto. Com os poucos meios
financeiros e logísticos de que dispõe, o BE-PTM levou a cabo, na pré-campanha
e na campanha eleitoral, um conjunto de acções no sentido de transmitir aos
eleitores os pontos-chave do seu programa e a sensação de que ir votar vale a
pena.
Sem comentários:
Enviar um comentário