domingo, 6 de outubro de 2013

O PROBLEMA DA ABSTENÇÃO (TAMBÉM EM PORTIMÃO)



O crescimento exponencial da abstenção em eleições é a demonstração mais evidente do desencanto das populações perante a acção dos governantes em que deixaram de acreditar.
O Governo Passos/Portas tem dado um contributo decisivo para o descrédito da acção política alheando-se completamente de falar verdade aos portugueses. O rol de mentiras propaladas na campanha eleitoral para as legislativas de 2011 é por demais conhecido mas, apesar da sua sistemática denúncia, não houve qualquer correcção de rumo o que leva ao desespero das pessoas e ao seu desinteresse perante actos de intervenção cívica como é o caso das eleições.
Uma semana depois de cair o pano sobre as autárquicas de 2013, com as polémicas que as acompanharam, em especial, no que diz respeito às recandidaturas dos chamados dinossauros autárquicos, muitas vozes se levantam para tentar explicar o brutal crescimento da abstenção, mesmo em eleições locais.
Se juntarmos à ausência dos eleitores à votação o crescimento dos votos brancos e nulos (evidência de que nenhum dos candidatos merece a confiança dos eleitores), obtemos a nível nacional um valor significativamente superior a 50%. Quer isto dizer que bastante mais de metade dos eleitores portugueses está descrente e acha que o seu voto não dá qualquer contributo para a possibilidade de uma vida melhor no actual quadro político.
É óbvio que, para esta descrença têm contribuído de forma determinante os partidos do arco da desgraça (PS, PSD e CDS) e os poderes que formatam as opiniões públicas. Estes (leia-se grande parte da comunicação social pejada de comentadores da área do poder) produzem uma barragem de argumentos, quase sem contraditório, no sentido de convencerem a opinião pública de que as alternativas propostas são utópicas e irresponsáveis e, por isso, as populações sentem cada vez mais o voto como um gesto que não mudará nada de essencial.
Relativamente a Portimão, afinal, o objectivo inicial deste texto, fazendo uma análise mais fina às manifestações de desinteresse dos eleitores pelas diversas candidaturas, podemos constatar facilmente os seguintes pontos:
  1. Os votos brancos e nulos atingem quase 10% da votação.
  2. A abstenção atingiu 57,61%, um valor elevadíssimo e muito superior à média nacional de 47,39%.
  3. Tendo em atenção o número de eleitores inscritos nos cadernos eleitorais de Portimão (46478) verifica-se que 28734 (62%) mostraram a sua indiferença perante a oportunidade de indicarem a sua preferência para o governo do concelho nos próximos 4 anos.
Para este elevadíssimo desinteresse manifestado pelos eleitores de Portimão, terão contribuído, particularmente, a acção do PS na autarquia, causadora de uma dívida astronómica e as suspeitas de corrupção vindas a público, assim como, a acção do Governo da República e dos partidos que lhe estão associados – PSD e CDS.
O Bloco de Esquerda foi, sem sombra de dúvida, a força política de Portimão que mais esforços terá desenvolvido para evitar o afastamento dos eleitores das mesas de voto. Com os poucos meios financeiros e logísticos de que dispõe, o BE-PTM levou a cabo, na pré-campanha e na campanha eleitoral, um conjunto de acções no sentido de transmitir aos eleitores os pontos-chave do seu programa e a sensação de que ir votar vale a pena. 

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