terça-feira, 29 de outubro de 2013

NÃO HÁ RESIGNAÇÃO!



Como muito bem afirma José Vitor Malheiros no texto que assina hoje no Público, a manifestação de 26 de Outubro “era contra a troika, o Governo, a "austeridade", a política de empobrecimento, o aumento da desigualdade, o aumento da pobreza, o aumento do desemprego, o roubo de salários e de pensões, a queda dos salários, a destruição dos direitos laborais, a destruição da saúde, a destruição da educação, a destruição da Segurança Social, a destruição do património público e a venda das empresas públicas, a destruição dos transportes públicos, o exílio forçado dos jovens, a fuga fiscal das grandes empresas para os off-shores, contra a injustiça e a fome e a doença e a ignorância, contra a hipocrisia e as mentiras do Governo, contra a desonestidade dos governantes, contra o ataque ao Estado de direito, contra o ataque à democracia. Era de desejar que muita gente respondesse ao apelo. Sabemos que muita gente responde ao apelo na sua cabeça e no seu coração e sente na carne todas estas agressões. E, no entanto... Apesar de vivermos um dos períodos mais negros da História de Portugal, apesar de sermos governados por um Governo colaboracionista que renega todas as suas promessas, todos os seus juramentos, todas as suas palavras, que despreza todos os seus compromissos com os cidadãos e o seu país em prol de uma servidão abjecta a poderes inimigos do interesse nacional, apesar disso... a manifestação” não atingiu o volume que se esperava.
Haja muita ou pouca participação em qualquer manifestação, cada um tem a natural tendência para especular sobre o número de pessoas presentes. É bem provável que, actualmente, se esteja a verificar algum cansaço naqueles que, embora com uma raiva crescente percebem que, “por enquanto o Governo está a ganhar ao povo”. Mas não se iludam os governantes porque resignação é aquilo que não existe e a ira daqueles que todos os dias – mesmo todos – se vêem cada vez mais atacados nos seus direitos básicos, não pára de aumentar, qual balão prestes a rebentar. Por isso, adverte Malheiros “ninguém se resigna à fome dos filhos. As pessoas esperam. Milhares e milhares que não estiveram na manif, talvez milhões, sentem a mesma raiva no peito. O Governo está a conseguir encurralar as pessoas, a condená-las ao desemprego e à pobreza, mas ninguém desistiu. A fome e a humilhação não convidam à resignação e, um dia, há camisas rasgadas que se transformam em bandeiras. É um slogan? Um verso de um poema? É. Mas é também verdade. A História está cheia de exemplos. Não há nada tão mobilizador como um verso”.

Sem comentários:

Enviar um comentário