sexta-feira, 18 de outubro de 2013

LUTA SEM TRÉGUAS CONTRA INJUSTIÇA


Por todo o mundo se assiste neste momento a uma tentativa do capitalismo neoliberal selvagem dominar tudo e todos em favor de um reduzido número de privilegiados. 

Ainda ontem tivemos mais uma confirmação de que se assiste a uma cada vez maior concentração da riqueza a nível mundial. A informação é proveniente do insuspeito Crédit Suisse, um banco privado de investimento. Entre os números que esta instituição apresenta, há dois particularmente chocantes: 50% da população mundial detém um incrível 1% da riqueza enquanto, por outro lado, 10% das pessoas mais ricas do mundo concentram 86% da riqueza global. Apenas este valores chegam para se perceber a brutalidade da injustiça que existe na distribuição da riqueza a nível mundial.
Por todo o lado, tornou-se moda os mandantes do sistema argumentarem que não há alternativas às políticas propostas pela doutrina neoliberal vigente. Trata-se de objecções cuja única finalidade é a perpetuação no poder por quem o detém. Em Portugal conhecemos bem esta retórica e é contra ela que largos sectores da nossa população se estão a levantar.
As manifestações que terão lugar amanhã e no dia 26 deste mês são exemplos de que partidos de esquerda, organizações sindicais e associações de cidadãos estão atentos ao que se passa em Portugal, mobilizando as populações para um significativo protesto contra as actuais políticas de austeridade criminosa que estão a destruir o país e o seu tecido social.
Podemos ter a certeza de que não nos encontramos sós a nível mundial já que, em muitos países, muita gente se encontra envolvida numa luta sem tréguas contra a injustiça e a prepotência de um sistema desumano que não olha a meios para atingir os fins mais ignóbeis.
Como complemento do que aqui afirmamos, trazemos um depoimento do sociólogo Prof. Boaventura Sousa Santos sobre situações que estão a ocorrer, testemunhadas por ele, em vários pontos do mundo.
O meu trabalho profissional  leva-me  a  viajar  por  vários  países.  As experiências que colho,  não  podendo confirmar ou infirmar as  hipóteses  de trabalho  que  orientam  o  meu  trabalho  científico,  dão-me  informações preciosas sobre o pulsar do mundo, sujeito a pressões globais, mas de modo nenhum  unívoco  nas  repostas  que  lhes  dá.  A  pretensa  ausência  de alternativas para problemas ou conflitos concretos num dado país não passa de um argumento útil a quem está no poder e nele se quer perpetuar.  No passado  mês  de  Julho,  pude  conviver  de  perto  com  os  camponeses moçambicanos  em  luta  contra  a  atividade  mineira  e  os  projetos agroindustriais que os expulsam das suas terras e os realojam em condiçõessub-humanas,  destroem  a  agricultura  familiar  que  em  grande  medida alimenta  a  população,  contaminam  as  águas  dos  rios,  destroem  os  seus cemitérios,  e  frequentemente  os  submetem  a  repressão  policial  violenta. Tudo  em  nome  do  progresso  e  do  crescimento  económico,  mas  de  facto apenas  para  permitir  lucros  escandalosos  às  empresas  multinacionais envolvidas  (muitas  delas  brasileiras)  e  rendas  parasitas  às  elites  políticoeconómicas  locais.  Os  contactos  entre  camponeses  moçambicanos  e brasileiros foram cruciais para fortalecer a sua luta  através  da solidariedade internacional e alimentar a esperança de que a resistência possa ter êxito.
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