Por todo o mundo se assiste neste momento
a uma tentativa do capitalismo neoliberal selvagem dominar tudo e todos em
favor de um reduzido número de privilegiados.
Ainda ontem tivemos mais uma confirmação
de que se assiste a uma cada vez maior concentração da riqueza a nível mundial.
A informação é proveniente do insuspeito Crédit Suisse, um banco privado de
investimento. Entre os números que esta instituição apresenta, há dois
particularmente chocantes: 50% da população mundial detém um incrível 1% da
riqueza enquanto, por outro lado, 10% das pessoas mais ricas do mundo
concentram 86% da riqueza global. Apenas este valores chegam para se perceber a
brutalidade da injustiça que existe na distribuição da riqueza a nível mundial.
Por todo o lado, tornou-se moda os
mandantes do sistema argumentarem que não há alternativas às políticas
propostas pela doutrina neoliberal vigente. Trata-se de objecções cuja única
finalidade é a perpetuação no poder por quem o detém. Em Portugal conhecemos
bem esta retórica e é contra ela que largos sectores da nossa população se
estão a levantar.
As manifestações que terão lugar amanhã e
no dia 26 deste mês são exemplos de que partidos de esquerda, organizações
sindicais e associações de cidadãos estão atentos ao que se passa em Portugal,
mobilizando as populações para um significativo protesto contra as actuais
políticas de austeridade criminosa que estão a destruir o país e o seu tecido
social.
Podemos ter a certeza de que não nos
encontramos sós a nível mundial já que, em muitos países, muita gente se
encontra envolvida numa luta sem tréguas contra a injustiça e a prepotência de
um sistema desumano que não olha a meios para atingir os fins mais ignóbeis.
Como complemento do que aqui afirmamos,
trazemos um depoimento do sociólogo Prof. Boaventura Sousa Santos sobre
situações que estão a ocorrer, testemunhadas por ele, em vários pontos do
mundo.
O meu trabalho
profissional leva-me a viajar por vários
países. As experiências que colho, não podendo confirmar ou
infirmar as hipóteses de trabalho que orientam
o meu trabalho científico, dão-me informações
preciosas sobre o pulsar do mundo, sujeito a pressões globais, mas de modo
nenhum unívoco nas repostas que lhes
dá. A pretensa ausência de alternativas para problemas
ou conflitos concretos num dado país não passa de um argumento útil a quem está
no poder e nele se quer perpetuar. No passado mês de
Julho, pude conviver de perto com os
camponeses moçambicanos em luta contra a
atividade mineira e os projetos agroindustriais que os
expulsam das suas terras e os realojam em condiçõessub-humanas,
destroem a agricultura familiar que em
grande medida alimenta a população, contaminam
as águas dos rios, destroem os seus
cemitérios, e frequentemente os submetem a
repressão policial violenta. Tudo em nome
do progresso e do crescimento económico,
mas de facto apenas para permitir lucros
escandalosos às empresas multinacionais envolvidas
(muitas delas brasileiras) e rendas
parasitas às elites políticoeconómicas locais.
Os contactos entre camponeses moçambicanos e
brasileiros foram cruciais para fortalecer a sua luta através da
solidariedade internacional e alimentar a esperança de que a resistência possa
ter êxito.
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