“As
escolas [públicas] estão hoje a braços com um estado de urgência total” afirma João
Paulo Silva (JPS), dirigente do Sindicato dos Professores do Norte, em artigo
de opinião no Público. Esta afirmação tem todo o cabimento numa altura em que a
asfixia do Estado Social se encontra em velocidade de cruzeiro. Um dos
elementos do Governo que mais está a levar a peito esta estratégia é Nuno Crato
com o brutal ataque que está a dirigir à escola pública, tentando sufocá-la por
todos os meios, ao mesmo tempo que favorece da forma mais descarada o ensino
privado à custa do dinheiro dos contribuintes.
A
abordagem que JPS faz às dificuldades que a escola pública actualmente enfrenta
é muito interessante, partindo da incontornável realidade existente aos olhos
de todos – a escola “não consegue concretizar duas dimensões distintas mas
essenciais” para as quais foi criada: educar e ensinar.
Atentemos
em três parágrafos do texto de JPS, um dos quais constitui um interessante
desafio. Sublinhamo-lo propositadamente.
Neste contexto, onde as condições de ensinar se tornam
instáveis, são as aprendizagens que se ressentem. Quando as questões
fundamentais e basilares da Escola, enquanto espaço social e institucional, não
estão garantidas, não é possível acreditar que seja possível aprender. Sem um
espaço de Educação bem cimentado, não há aprendizagem. Ou, escrito de forma
simplista, numa sala de aula onde mandar calar e obrigar a sentar são as
atividades centrais, não há processos de ensino e/ou de aprendizagem que resistam.
Aliás, este é o motivo central que leva ao falhanço dos cursos vocacionais.
E Nuno Crato tem sido um catalisador competente deste processo
gradual de desespero institucional. Se, por um lado, continuou e aprofundou
algumas das piores iniciativas da ministra Maria de Lurdes Rodrigues, a verdade
é que também se tornou, ao contrário da sua antecessora, promotor de uma Escola
Pública redutora e encostada a um canto, onde só alguns terão lugar.
(…)
Mas, se a ideia for mesmo a implementação do
cheque-ensino e a liberdade total de escolha, então que se permita o sorteio:
todos os alunos entrariam numa base de dados, escolhiam as escolas (públicas ou
privadas) para onde querem ir e depois, uma entidade independente, realizaria
um sorteio puro distribuindo os alunos, de forma indiferenciada, pelos Colégios
e pelas Escolas Públicas, sempre que a oferta fosse superior à procura. Será
esta uma proposta que desespera o Ensino Privado?
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