quarta-feira, 20 de novembro de 2013

ESCOLA PÚBLICA EM DESESPERO INSTITUCIONAL



“As escolas [públicas] estão hoje a braços com um estado de urgência total” afirma João Paulo Silva (JPS), dirigente do Sindicato dos Professores do Norte, em artigo de opinião no Público. Esta afirmação tem todo o cabimento numa altura em que a asfixia do Estado Social se encontra em velocidade de cruzeiro. Um dos elementos do Governo que mais está a levar a peito esta estratégia é Nuno Crato com o brutal ataque que está a dirigir à escola pública, tentando sufocá-la por todos os meios, ao mesmo tempo que favorece da forma mais descarada o ensino privado à custa do dinheiro dos contribuintes.
A abordagem que JPS faz às dificuldades que a escola pública actualmente enfrenta é muito interessante, partindo da incontornável realidade existente aos olhos de todos – a escola “não consegue concretizar duas dimensões distintas mas essenciais” para as quais foi criada: educar e ensinar.
Atentemos em três parágrafos do texto de JPS, um dos quais constitui um interessante desafio. Sublinhamo-lo propositadamente.
Neste contexto, onde as condições de ensinar se tornam instáveis, são as aprendizagens que se ressentem. Quando as questões fundamentais e basilares da Escola, enquanto espaço social e institucional, não estão garantidas, não é possível acreditar que seja possível aprender. Sem um espaço de Educação bem cimentado, não há aprendizagem. Ou, escrito de forma simplista, numa sala de aula onde mandar calar e obrigar a sentar são as atividades centrais, não há processos de ensino e/ou de aprendizagem que resistam. Aliás, este é o motivo central que leva ao falhanço dos cursos vocacionais.
E Nuno Crato tem sido um catalisador competente deste processo gradual de desespero institucional. Se, por um lado, continuou e aprofundou algumas das piores iniciativas da ministra Maria de Lurdes Rodrigues, a verdade é que também se tornou, ao contrário da sua antecessora, promotor de uma Escola Pública redutora e encostada a um canto, onde só alguns terão lugar.
(…)
Mas, se a ideia for mesmo a implementação do cheque-ensino e a liberdade total de escolha, então que se permita o sorteio: todos os alunos entrariam numa base de dados, escolhiam as escolas (públicas ou privadas) para onde querem ir e depois, uma entidade independente, realizaria um sorteio puro distribuindo os alunos, de forma indiferenciada, pelos Colégios e pelas Escolas Públicas, sempre que a oferta fosse superior à procura. Será esta uma proposta que desespera o Ensino Privado?

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