Por
esses dias, a propósito de saber se a facho-esfera merece espaço na disputa
democrática, há um surto de iluminismo absolutista sobre o conceito de
liberdade de expressão. Do alto do seu privilégio vêm dizer-nos que há o
direito de ser racista, misógino e homófobo. Olham para as palavras como se
fossem realidades ontológicas separadas da realidade física e das disputas que
nela se operam. E, a coisa que mais espanta e até irrita é a ideia de que as
opiniões sejam quais forem e seja qual for o seu grau de violência, têm a
legitimidade de existir. Mas que diabo, tão preocupados com a liberdade de
expressão, não conseguem perceber que a opinião não pode servir para legitimar
qualquer espécie de violência, muito menos, aquela que põe em causa a dignidade
da pessoa?
Inocentar a palavra, como se de um vazio
desligado da acção da prática social e politica se tratasse, é por si só um
acto de violência da homofobia, do machismo e do racismo. Para quem é
sistematicamente esmagado e violentado pelo poder das ideias e das opiniões,
das convenções sociais e políticas que o remetem para um lugar de
subalternidade e de estigma, toda a tese de que o racismo, o machismo e a
homofobia são meras opiniões é uma afronta. (Mamadou Ba, dirigente SOS Racismo)
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