Há apenas dois dias que Bolsonaro tomou
posse como Presidente do Brasil e as piores espectativas não deixaram de
confirmar-se relativamente ao rumo que o país irá tomar a partir de agora.
Provavelmente estaremos apenas no início do
ataque deste governo fascizante a direitos socias e laborais como, por exemplo,
a redução do salário mínimo e a perseguição da população LGBT e povos
indígenas.
Um dos actos mais terríveis que se seguirão
tem a ver com a legalização da posse de armas, e não é muito difícil prever as
suas consequências a médio e longo prazo. Temos o exemplo do que acontece nos
Estados Unidos (EUA) mas com a agravante de que, ao contrário do que acontece
na grande potência, o Brasil é um país com um regime democrático pouco
consolidado, onde, falar-se de Estado de Direito é um exagero.
A percepção de um cidadão europeu é a de
que, a legalização da posse de armas no Brasil vai ter duas consequências óbvias.
A primeira é que muitos inocentes vão perder a vida e a segunda é o aumento
brutal dos lucros dos fabricante e vendedores de armamento, os grandes
beneficiários desta medida. O pior é que, uma vez tomada a decisão, o que vier
a seguir se torna incontrolável.
Este tema pertinente é abordado no seguinte
artigo de opinião da autoria de João André Costa que transcrevemos do Público
deste domingo.
A legalização da posse de arma no Brasil terá como única e óbvia
consequência a morte de inocentes. É uma questão de tempo.
Já assistimos ao mesmo nos Estados Unidos, a terra da
liberdade, a liberdade de matar, por autodefesa mas também por auto-recreação.
Será o armamento da população a resposta para a
insegurança? Num mundo onde todos tenham acesso a casa, emprego, saúde e
educação não são precisas armas, apenas palavras, não são precisas balas,
bastam-nos as leis e um sistema judicial verdadeiramente cego, igualitário,
imparcial.
Assistimos ao crescer do populismo no qual o
estrangeiro, o diferente, o negro, o não-branco, o homossexual, o não-crente
são todos ameaças ao bem-estar e a posse de arma é a melhor maneira de mostrar
quem manda agora no Brasil, de quem manda agora no mundo.
Os produtores de armas agradecem a injecção do medo e
eu pergunto-me que países se seguirão quando o maior país da América do Sul
aprovar a venda de semi-automáticas e lança-rockets ao vizinho do lado,
para já não falar do quintal minado onde a avó perdeu a perna só porque lhe
apeteceu andar fora do passeio
É surreal, no mínimo bizarro, entrar em 2019 com o
fantasma do recrudescimento do armamento, da violência, da insegurança com o
único fito de criar uma sociedade onde todos se vigiam uns aos outros, onde
todos se matam uns aos outros ao menor sinal de desacordo, porque se fez uma
ultrapassagem na estrada, não se cumpriu um prazo de trabalho ou o empregado se
enganou no troco no restaurante.
Subitamente, o mundo anda para trás e esquece o aprendido em nome do
sofrimento dos inocentes e o enriquecimento alheio. Semeando a discórdia, uma
nova classe dirigente toma agora as rédeas, prometendo tudo menos o bem comum.
2019 prepara-se para acordar como uma criança egoísta e nada de bom promete ao
mundo.
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