Não
tenhamos ilusões. Se, como indicam os estudos de opinião o PS vier a ser
governos, vamos ter mais do mesmo relativamente ao que agora acontece. É muito
difícil perceber esta opção da maioria dos portugueses mas ela é uma realidade
com que temos de contar. A partir do próximo Outono, teremos mais um governo
amigo da troika ou germanófilo como muitos já designam o actual, tão próximas são
as suas posições com a linha Merkel/Schaüble. Não é por acaso que se verifica
uma dificuldade tão grande de as propostas estruturantes de Costa se demarcarem
com clareza das políticas de Passos/Portas. O exemplo da agressividade dos “socialistas”
europeus em relação à Grécia é outro dado significativo que não pode deixar quaisquer
dúvidas. Portanto, quem votar PS em 2015 só está a votar numa alternância de
poder já que as políticas vão continuar a ser as mesmas.
O
texto seguinte escrito por Francisco Louçã no seu blog no Público é mais uma
chamada de atenção para o que se perspectiva para o próximo Governo, se for de
maioria PS.
Ascenso
Simões, ex-governante, é agora o director da campanha eleitoral de António
Costa. É uma função essencial e de confiança pessoal para uma eleição difícil,
em que tudo tem que ser medido.
Por
isso, o seu artigo “Pelo fim dos contratos de trabalho” não deve ser lido como
uma piada ou um acaso.
“Mário
Centeno tem razão. A situação que se vive em Portugal, relativamente ao mercado
de trabalho, só cristaliza a precariedade. Mais, cristaliza os salários baixos
e desmotiva a competitividade e a produtividade. Mas Centeno é ainda muito
recuado perante os desafios que se colocam à nossa economia.”
Vamos
lá então puxar as mangas e corrigir este “recuado” que só propôs, no documento
dos economistas do PS, uma forma engenhosa de facilitar os despedimentos
colectivos. Ascenso Simões tem uma outra ideia, “um caminho radicalmente
diferente, arrojado”, escreve ele, encantado com a sua ideia “arrojada”.
É
assim:
“Os
socialistas portugueses deveriam saber que não é uma legislação ultrapassada e
rígida que resolve os problemas. E quando o que temos não cumpre, o melhor é
encontrar um caminho radicalmente diferente, arrojado.
Em Portugal,
importa que se avance para a consagração do contrato livre, com regras de
protecção bilateral da relação entre as partes. Se esse contrato é com ou sem
termo é absolutamente irrelevante.”
O
“contrato livre”, sendo “irrelevante” se “tem ou não prazo”, é o “fim dos
contratos de trabalho”, como nos assinala o título do artigo. Uma relação
individual, directa, entre o patrão e o empregado. Claro está, com a “protecção
bilateral da relação entre as partes”. Perguntará o leitor ou a leitora
ingénua: porque é que o patrão precisa de “protecção”? É uma figura de estilo,
não leve a mal. O trabalhador, esse vai com “protecção” – qual, não se sabe,
porventura uma indemnização. Mas, com o “fim do contrato de trabalho”, acabou a
protecção constitucional contra o despedimento sem justa causa, tudo fica na
relação privada entre quem tem o poder e quem não tem. Sindicatos, esqueça.
Negociação, esqueça. Direito do trabalho, esqueça. Agora é tudo “arrojado”.
Deixe-me
fazer-lhe uma pergunta, caro
leitor ou leitora: lembra-se de algum ministro do PSD ou do CDS que se atreveu
a ir tão longe neste engenharia social para a destruição da vida dos
trabalhadores?
Este é o homem que vai
dirigir a campanha eleitoral do PS. E o PS vai dizer, na campanha eleitoral,
que é um voto de confiança para grandes mudanças. Esta é uma das mudanças que o
seu director de campanha propõe, veremos o que mais nos sugere. Este homem é
uma revelação.
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