O
texto seguinte constitui a transcrição integral da última crónica que João Marques,
Diplomado em Ciências da Comunicação, apresentou no “Diário de Coimbra” da
passada quinta-feira (3 de Maio). Nela há a destacar novas e irresponsáveis
provocações de Trump, assim como a difícil situação que os jornalistas
atravessam por todo o mundo e a recordação dos 50 anos do Maio 68 e do assassinato
de Martin Luther King líder americano da luta pelos direitos cívicos nos EUA.
Dado que os factos citados estão, alguns deles datados, decidimos actualizar as
datas entre [].
O
Presidente Trump decidiu não participar, sábado passado [28 Abril], no jantar
habitual com os jornalistas e os correspondentes dos principais órgãos de informação
internacionais, oficialmente admitidos na Casa Branca, preferindo ser o único
ator num comício em Michigan, repetindo a atitude que já tinha assumido, meses
depois de ser eleito.
A
questão não está tanto na ausência, mas nas palavras que dirigiu contra os
jornalistas que identificou como “falsificadores de fontes ou de nem sequer as
ter para produzir informações falsas” (fake news), levando a assistência ao
rubro. Muito naturalmente, desconhece o último relatório dos Repórteres sem
Fronteiras (RSF, 25 de Abril), que revela a situação que os atinge –
assassinatos (Eslováquia, Malta, Suécia, Afeganistão, países da Ásia do Sul), prisões
da Turquia à China, passando pela Arábia Saudita e outros países árabes para não
evocar as pressões a que estão sujeitos nas redações, em médias recentemente
adquiridos por grandes grupos económicos, nesta tão democrática Europa.
Na
mesma semana em que recebeu o seu homólogo francês Macron, com beijos, abraços
e uma “limpeza” em direto, do ombro do seu casaco, que designou por “películas”
– simplesmente infamante – e de ter reunido, na véspera do comício com a
chanceler Merkel para encontrar posições comuns quanto ao Irão, taxas alfandegárias
sobre o aço/alumínio e a defesa ambiental, ei-lo a acusar “as nações europeias
de ter criado uma União para se aproveitarem dos Estados Unidos”, para gáudio da
plateia.
Na
mesma semana, o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação revelou
a existência de 91 contas bancárias na Mauritânia, em nome de um investidor
Jean-Claude Bastos, em conexão com colideranças africanas, nomeadamente angolanas
e onde surge a conhecida auditora financeira KPMG, mas Trump Optou por ignorar
a finança dos algoritmos e desregular o pouco que Wall Street tinha permitido
fazer, o que significa um regresso brutal aos anos 2007/8, com as consequências
que ainda hoje quase todos sentimos.
Depois
de ter dispensado quase três dezenas de colaboradores, alguns deles insultados
na praça pública, ei-lo a nomear indivíduos como Mike Pompeo, conhecido extremista
do Tea Party, para seu Secretário de Estado. Após tomar posse e neste último fim-de-semana
[28-29 Abril], ei-lo a visitar o seu “eixo do bem” (Arábia Saudita, Israel e
Jordânia). Como por acaso, três importantes bases militares sírias foram
atacadas na madrugada desta segunda-feira [30 de Abril]. Pelos vistos e para
esta gentalha, não bastam 350 mil mortos, dez vezes mais de deslocados, cidades
e famílias destruídas, a fome e a sede, pelo que receio que se prepare um conflito
de maior dimensão, em que a Rússia, o Irão e, talvez, a Turquia não poderão deixar
de reagir, num regresso amplificado e mortífero entre sunitas e xiitas,
iniciado no ano 632, em Medina, quando sob uma temperatura escaldante, o Profeta
do Islão, Maomé (Muhammad) deu os seus últimos suspiros, vítima de uma doença
estranha que o vitimou em poucas semanas e cujo funeral já nem sequer ocorreu,
tais as divergências que, naturalmente, aqui não posso desenvolver.
Num
outro plano, ninguém pode ficar indiferente aos líderes coreanos pisarem o
mesmo solo, 65 anos depois dos massacres americanos no norte com “napalm”,
precedido pelos japoneses, então, os verdadeiros senhores da região.
Em contraponto ao esplendor de Maio de
1968, que não teve a sua origem nas universidades francesas de
Nanterre/Sorbone, antes na terra dói senhor Trump – facto que ele deve ignorar
profundamente – com a criação de uma organização de estudantes universitários
para uma sociedade democrática (SDS, 1962), a não distinção em todos os
aspectos da vida quotidiana entre feminino/masculino, a oposição massiva à
Guerra do Vietname e na luta pelos direitos cívicos dos negros americanos. E, é
neste âmbito que termino, recordando o cinquentenário do assassinato de Martin Luther
King, após o que seria a sua última intervenção pública (Abril, 68).
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