O
massacre que por estes dias foi levado a cabo pelo governo de extrema-direita
de Israel indigna o mais insensível dos cidadãos deste mundo, caso seja
informado com verdade. Também em termos de direito internacional, todos os
países são iguais mas alguns são mais iguais que outros… Neste grupo, sem
qualquer sombra de dúvida está incluído o estado de Israel que continua a levar
a cabo um verdadeiro holocausto da população palestiniana, enclausurada numa
área territorial cada vez mais exígua, constituindo os seus elementos alvos
privilegiados da barbárie perpetrada pelos militares israelitas, a mando dos
seus chefes assassinos.
Estamos,
pois, perante mais um dos inúmeros massacres a que têm sido submetidos os
palestinianos dentro do seu próprio território, em face da indiferença da
chamada comunidade internacional, noutras ocasiões, tão lesta a punir supostos
agressores quando nesta ocasião não restam quaisquer dúvidas de onde vêm as
balas assassinas. Só que, no caso em apreço, os que primem o gatilho têm a
cobertura da (ainda) maior potência mundial e do seu louco chefe, para matarem
a seu bel-prazer sem que sejam por esse facto responsabilizados.
Associando-nos
a todos aqueles que se solidarizam a nível mundial com os palestinianos vítimas
da barbárie, aqui fica este texto assinado no “Público” de hoje pelo advogado
Domingos Lopes.
Israel matou 92 manifestantes palestinianos,
desarmados, e feriu mais de dois mil. A maioria foi morta e ferida no dia em
que Trump ilegalmente inaugurou a embaixada dos EUA em Jerusalém.
No seu apontamento, Trump afirmou estender a mão aos
vizinhos e, nesse gesto de paz, o seu grande amigo Netanyahu mandou os seus
soldados puxarem pelo gatilho e matarem a peito descoberto mais de 50
palestinianos. Parece que o mundo pouco se importa que sejam assassinados
centenas ou milhares de palestinianos...
Do que o mundo ocidental se importou foi com os
alegados mortos sírios com gás. Esses que ninguém confirmou terem sido
assassinados com gás tiveram uma relevância que levou a que Trump, Theresa May
e Macron ordenassem o bombardeamento da Síria. Porém, na frente de todo o
mundo, na terra palestiniana ilegalmente ocupada por Israel, sentindo as costas
quentes com o apoio de Trump, os soldados israelitas, por ordem do governo,
assassinaram a tiro dezenas de palestinianos que se manifestavam no solo dos
seus antepassados.
E, no entanto, nenhuma potência ordenou o
bombardeamento de Israel; nenhuma potência expulsou diplomatas do país fora da
lei; e, em Belém, no Palácio de São Bento e nas Necessidades, ninguém chamou o
embaixador.
Neste mundo em que as palavras são atravessadas pelo
veneno das conveniências e interesses mesquinhos, quantos milhares de
palestinianos têm de morrer para que termine esta carnificina e a lei
internacional seja cumprida?
Sim, já compreendemos que de Trump só se pode esperar
brutalidade, irresponsabilidade e desfaçatez. É o que se tem visto. Mas a outra
pergunta que cabe fazer pode ser esta – mas o mundo tem de se agachar e
submeter-se à brutalidade e à desfaçatez? Ainda de outro modo: mesmo que
Merkel, Macron, May e tutti quanti se agachem, é possível ao mundo
erguer-se contra esta brutalidade?
É possível, porque o que se passou em Timor-Leste
mostrou-nos que os poderosos, a partir de certa altura, já não podem continuar
a puxar pelo gatilho porque o mundo não aceita. Temos, então, que aguardar por
quantos mais dezenas, centenas ou milhares de mortos palestinianos para que o
nosso mundo desligue do seu quotidiano e dê atenção aos palestinianos que
tiveram o azar de viver ao lado de uma das potências mais ofensivas do nosso
planeta?
Não é com balas reais que se enfrenta quem se
manifesta pela sua liberdade de afirmar que os territórios ocupados depois da
Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967, são palestinianos e reconhecidos pelas
Nações Unidas como tal e que Jerusalém Leste deve ser a capital da Palestina.
Aqui não são precisos peritos, nem perícias, o que é
preciso é apenas respeitar a Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU.
Quantos diplomatas israelitas vão ser expulsos? Que
vai fazer a União Europeia? E Portugal? Desde que Trump rasgou o Acordo
assinado com o Irão a escalada do conflito não parou de subir.
Netanyahu sente-se bem com o apoio de Trump. É também
a forma de fugir aos graves crimes de que é acusado no seu país, aliás tal e
qual como o que se passa com Trump, sempre na mira de diversas investigações
criminais.
São estes homens que detêm o poder de ordenar aos
soldados que disparem e matem friamente.
Será a humanidade capaz de ir em
socorro dos que na sua terra são mortos como se fossem presas de caça e exija
que se respeite a lei e as Resoluções do Conselho de Segurança sobre a Palestina?
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