sábado, 15 de maio de 2010

Alegre não fala; Nobre propõe cortes em salários altos



Manuel Alegre escusou-se hoje a comentar as medidas a apresentar pelo Governo para acelerar a redução do défice. Já Fernando Nobre defendeu um corte de 10% nos salários superiores a 10 mil euros.

Contactado pela Lusa, Manuel Alegre afirmou apenas, sem avançar justificações: "Não comento".

Questionado se estava a adiar o seu comentário para depois do anúncio oficial das medidas, Manuel Alegre rejeitou: "Não, não vou falar hoje".

Já Fernando Nobre defende cortes de 10% em ordenados superiores a 10 mil euros

"Está assumido que vamos ter todos de fazer ainda mais sacrifícios do que os que estavam incluídos no PEC (Programa de Estabilidade e Crescimento). Apelo e espero que as novas medidas venham a contemplar uma discriminação positiva no que respeita aos mais desfavorecidos", afirmou Fernando Nobre, ressalvando desconhecer ainda as medidas concretas que serão anunciadas pelo Governo.

Como exemplo de discriminação positiva, o candidato presidencial apontou a ausência de penalizações para salários até aos 700 euros.

Apelando também a uma "atitude de exemplaridade", Nobre diz que os "responsáveis políticos e gestores públicos" devem dar um "contributo mais significativo do que aquele que é pedido ao comum dos cidadãos".

"Não via com maus olhos que os gestores públicos, que os titulares de cargos políticos tivessem uma diminuição na ordem dos 10% no seu salário", defendeu.

O candidato a Belém propõe assim índices de agravamento de impostos "muito superiores para todos aqueles que tiveram, em tempos de vacas gordas, aumentos salariais muito acima da média dos trabalhadores portugueses".

"Do que é dado a conhecer, aponta-se apenas dois escalões [para agravamento do IRS]. Para mim isso não chega. Devia haver uma isenção total até aos 700 euros. Acima dos 10 000 euros por mês devia haver uma redução do salário na ordem dos 10%. Isso permitiria que não se agravasse a situação dos mais desfavorecidos", declarou Fernando Nobre.

O candidato à Presidência lamentou ainda uma previsível subida do IVA nos bens essenciais, como os produtos alimentares.

O Governo deverá hoje anunciar um conjunto de medidas para acelerar a redução do défice e responder à pressão dos mercados internacionais.

Entre as medidas a ser negociadas com o PSD estão o aumento do IVA num ponto percentual nos três escalões, a subida do IRC em dois ou mais pontos percentuais, a redução de 5% nos salários dos políticos, gestores públicos e membros das entidades reguladoras, para além de uma subida do IRS de 1% para quem receba até cinco salários mínimos (2.375 euros por mês) ou de 1,5% para quem receba acima desse valor.

Com estas medidas, o Executivo espera receber este ano cerca de 1.700 milhões de euros, o suficiente para que o défice das contas públicas possa chegar ao final de 2010 nos 7,3%.

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