Afinal o que custaria ter escrito no despacho inicial que o dito cujo produzia efeitos a partir de 1 de Junho?
Fosse em tempos de Santana e já não havia Governo. Mas agora o bicho-papão já tudo justifica.
Teixeira dos Santos clarifica que novas taxas entram em vigor “a partir de Junho”
O ministro das Finanças afirmou hoje que emitiu um despacho “clarificador” para que “não subsistam dúvidas” de que as novas taxas de IRS só entram em vigor “a partir de Junho e somente a partir de Junho”.
Eu acho que a partir de agora todos nós temos direito a emitir actos clarificadores sempre que façamos qualquer coisa mal feita, com a desculpa de que foi mal interpretada.
Tipo a carreira legislativa valteriana. Ou faltas (in)justificadas no Estatuto do Aluno.
Por exemplo: os meus alunos que disserem que vivemos em democracia desde 1926, ao verem a cruz vermelha (traumatizante, eu sei, mas a verde seria ostensivo exibicionismo sportinguista) nos seus testes, poderão sempre clarificar que o que eles queriam dizer era que vivemos em democracia desde 1974. Ou se eu assinalar que está errado dizer que o Salazar foi um grande promotor do desenvolvimento nacional, eles clarificarem que não era isso que queriam dizer, apenas se esqueceram de formular a negativa.
Ou clarificarem que não queriam dizer que o Afonso Henriques tinha sido o fundador da 2ª ou 3ª dinastia, mas sim da 1ª.
Aliás, eu acho que isto podia ser aplicado ao próprio país e que o Afonso Henriques é que deveria ser chamado a clarificar o que é que queria mesmo naquele dia de 1128 quando se foi pôr à espadeirada por terras do Pimenta Machado.
No fundo ele queria era a incorporação do Condado no reino de Leão, o problema é que foi mal entendido, pois assinou de cruz o pergaminho e nem leu o treslado.
Vai daí mandou a mãe para um convento e não para o Corte Inglês de Vigo como tinha sido acordado entre as partes às 3 da matina, mesmo antes de tomarem um copázio de hidromel e dançarem um corridinho.
Afinal, o diploma de monarca tinha sido obtido no centro das Novas Oportunidades de Portucale, após duas sessões de esgrima, uma prova prática de tiro ao javali com arco em madeira de carvalho e três juramentos em como iria embarretar o primo Afonso sempre que a real politik o exigisse..
Pudesse Afonso Henriques clarificar muita coisa e talvez percebessemos melhor que Portugal nasceu de um equívoco legislativo.
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